26 maio 2015

Encerrando o Planejamento e Iniciando a Produção

E chegamos ao último artigo da série. Durante as últimas semanas discorremos sobre os elementos estruturais fundamentais de uma história, aprendemos a identificá-los, catalogá-los, e a melhor maneira de organizá-los, de modo a criar um planejamento eficiente para a sua obra. É hora de uma breve recapitulação.
Se você acompanhou toda a série até aqui, deverá ter em mãos os seguintes elementos básicos para a sua história:
  • TEMA: Algo que resuma a grosso modo o assunto principal de seu livro, sobre o que ele falará ao leitor. Este tema deverá permear toda a narrativa, mesmo que não seja explicitado. Deverá ter no máximo 2 ou três palavras, e ainda não deverá mencionar nenhum detalhe da trama. Ex.: Desilusão amorosa, vingança, intolerância, ganância, etc.
  • CONCEITO: Uma série de questionamentos e especulações que geram novos questionamentos, e que irão instigar a criação de uma história para que eles sejam respondidos Ex.: "E se o mundo fosse acabar amanhã?", "E se  descobríssemos a humanidade não passa de um experimento social alienígena?", etc.
  • PREMISSA: Um resumo do início de sua trama, apresentando o protagonista, o cenário e o primeiro ponto de virada. Ex.: "Soldado volta para casa depois da guerra e descobre que seu irmão gêmeo tomou seu lugar durante sua ausência, sem que sua esposa desconfiasse.", "Programador cria um algorítimo de inteligência artificial que foge do controle, e dá vida à internet.", etc.
  • PERSONAGENS: Primários (protagonistas e antagonistas), Secundários (coadjuvantes) e Terciários (de apoio). Pelo menos os primários devem estar bastante detalhados (tridimensionais).
  • ESTRUTURA: Uma trama de quatro atos, com a Apresentação (1º ato), a Resposta (2º ato), o Ataque (3º ato) e a Resolução (4º ato), todos bem delineados, com descrição dos pontos de virada, pontos de pressão, momentos-chave e encerramento.
Não é pouca coisa. Com todos esses elementos já é possível começar a redigir a sua história, com grandes chances de chegar até o final com um primeiro rascunho bastante decente. Ainda não há nenhuma garantia, mas você já tem mais chances de efetivamente terminar seu livro do que se tivesse optado pela alternativa intuitiva.

Uma coisa importante sobre o planejamento: ele não é, e nem deve ser, algo engessado, escrito em pedra. Seu planejamento deve ser uma linha de base, um guia inicial que irá mostrar o caminho que você tentará percorrer durante a realização de sua obra. Mas isso não significa que, caso algo excepcional ocorra no meio do processo, tudo não possa seja alterado. Coadjuvantes podem virar protagonistas. Personagens podem desaparecer e outros serem criados. Arcos dramáticos e subtramas, que pareciam boas ideias durante o planejamento, mas se mostraram fracos durante a execução, podem ser alterados de maneira radical, ou mesmo subtraídos. Até o tema pode mudar. Nada é definitivo, sobretudo em criação artística. A diferença é que você será muito mais capaz de identificar esses problemas - e alterá-los durante a execução - do que os escritores intuitivos, que precisarão passar por incontáveis revisões e reescritas do texto para o mesmo fim. É uma questão de eficiência. Isso de forma alguma depõe contra a realização de um planejamento prévio. Planejar uma obra é uma prática recomendável, que poderá auxiliá-lo na realização de seu livro em muito menos tempo que o considerado método "normal". 
Mesmo assim nada garante que você conseguirá terminar seu livro. Sim, você estabeleceu a linha-base (ou planta-baixa, ou blueprint, ou qualquer analogia de engenharia que queira aplicar) e sabe qual o caminho deverá percorrer, mas caso não siga um MÉTODO de trabalho, nada disso será útil. É preciso criar autodisciplina e ter muita perseverança. Planejar diminui o estresse durante o processo de redação de sua história, mas não o trabalho. E o trabalho DE VERDADE começa agora. Tudo o que fizemos até este momento foi estabelecer as diretrizes básicas que toda história deve conter. Elas são o suficiente para começarmos, mas mesmo com elas em mãos ainda existem muitas chances de fracasso escondidas nos cantos. Sem um método claro e bem definido de trabalho, ainda corremos o risco  de naufragarmos nessa tarefa hercúlea que é escrever um livro.

Mas como evitar isso?
CALMA, CARA!
Há alguns anos tive acesso a uma metodologia de desenvolvimento de projetos chamada Scrum. E o que é o Scrum? Scrum é uma metodologia ágil, muito utilizada para o desenvolvimento de produtos complexos, e que está revolucionando o conceito de gerenciamento de projetos no ambiente corporativo, sendo usada com alto grau de sucesso em desenvolvimento de software. Mas isso não impede que seja utilizada em outras áreas, especialmente em projetos criativos. Longe (mas muito longe!) de ser uma mera formalização, o Scrum estabelece uma série de técnicas e práticas cujos objetivos são "empurrar" você na direção de sua meta, seja ela um programa de computador ou escrever um livro.

Estou chegando lá.
Tendo utilizado o Scrum (e me certificado como Scrum Master pela Scrum Alliance) no desenvolvimento de diversos projetos, sou testemunha da eficiência deste método. Hoje é possível prever com alto grau de confiabilidade quanto tempo determinado projeto levará, qual o esforço necessário, sem demandar sacrifícios insanos da equipe ou tirar deles o prazer da criação.

Foi quando percebi que, caso fosse adaptado da maneira correta, o Scrum poderia ser utilizado de forma bastante eficiente no exercício da criação literária. E foi exatamente isso o que eu fiz. Munido tanto de meu conhecimento dos elementos narrativos (que expus nessa série de artigos) quanto de minha experiência de mais de 15 anos em projetos de desenvolvimento de software, escrevi um livro chamado Scrum para Escritores, que está disponível em format e-book Kindle a partir de hoje na Amazon, e que você pode adquirir clicando AQUI.

Utilizando todos os conhecimentos sobre estrutura narrativa aqui apresentados, em conjunto com técnicas e práticas ágeis do Scrum, a tarefa de escrever um livro será muito menos um sacrifício, e muito mais um prazer, levando uma fração do tempo necessário (em comparação com o método intuitivo) e reduzindo drasticamente a quantidade de revisões e reescrituras necessárias para alcançar uma obra do jeito que você planejou.

Neste livro você aprenderá:
  • O que é Scrum e como ele pode ajudá-lo(a) a escrever seu livro;
  • Como planejar e organizar a sua produção, impedindo bloqueios e atrasos desnecessários;
  • Técnicas e práticas que irão auxiliá-lo(a) na criação de seu livro, mas sem abrir mão do prazer e da satisfação, essenciais para qualquer produção artística;
  • Terminar sua história de maneira coerente e, sobretudo, publicável;
  • Como preparar seu original para ser apresentada para editoras de forma profissional, aumentando suas chances de publicação.
Sei que muitos de vocês torcem o nariz quando sugerimos a aplicação de metodologias para a criação artística, com medo de engessar a produção e cair no arcabouço de obras formulaicas e pouco originais, mas eu afirmo que isso não pode estar mais distante da realidade. Como eu demonstrei nos artigos dessa série, mesmo a história mais original do mundo ainda dispõe dos mesmos elementos estruturais básicos, e é a perfeita coordenação destes elementos que os transformam em uma obra potencialmente inesquecível. Aplicar uma metodologia não significa que esses elementos serão utilizados sempre da mesma maneira, apenas que eles DEVERÃO ser utilizados, e até mesmo subvertidos, transformados ou evoluídos se for o caso. Aplicar uma metodologia ao processo criativo não irá tolher sua criatividade, apenas direcioná-la para o que realmente interessa, que é criar uma história espetacular, que sobreviverá ao teste do tempo.

Então por que não dar uma chance? Garanto que você não vai se arrepender.

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E com esse anúncio esta série chega ao fim, mas seu trabalho está apenas começando. Caso tenha alguma dúvida ou sugestão, sejo com relação à estruturas narrativas ou mesmo sobre o Scrum, poste um comentário aqui embaixo. Ou mande uma mensagem por e-mail, Facebook ou Twitter. Prometo que tentarei responder a todos.

Um grande abraço!


Este artigo é o décimo primeiro de uma série sobre a aplicação de metodologias no processo de escrita. O primeiro pode ser lido aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui, o quarto aqui, o quinto aqui, o sexto aqui, o sétimo aqui, o oitavo aqui, o nono aqui e o décimo aqui.



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