31 outubro 2006

Agora em nova embalagem!

Pois é, mudei tudo.

O antigo templeite estava muito ruim, pesado, cheio de viadagens desnecessárias.

O que acharam deste?

A Costela Verde de Adão

Seu nome é Eva Green, e eu poderia tecer milhares de poemas cafonas utilizando apenas o seu prenome, mas prefiro me concentrar em seus olhos. Veja a figura ao lado e me diga que não é verdade. Olhos meio caídos, meio blasé, meio nem aí com o que você pensa, que as más línguas logo chamariam de "olhos de peixe morto". Bobagem. Inveja pura. Olhos de peixe morto tem a Angélica. Eva Green não tem nada morto. Muito pelo contrário.

Entre estes olhos está o nariz, um pouco maior do que a estética rígida manda, mas e daí? Não são os detalhes, mas o conjunto da obra que importa. A somatória. Pequenos defeitos que, no conjunto se tornam grandes qualidades. Idiossincrasias que a definem, que a distanciam dos lugares comuns, mas que de forma alguma a limitam. Não ela. Nunca, Eva.

Logo abaixo do nariz está a boca, grande, meio carnuda mas sem exageros, que pede lascivamente por um beijo. Beijo que ela desvalorizará, jogará ao chão e cuspirá em cima. E você agradecerá, só para vê-la sorrir altiva de sua idolatria irracional. Uma boca devoradora. Devastadora.

Eva surgiu para mim pela primeira vez no filme seminal de Bernardo Bertollucci, Os Sonhadores (The Dreamers, 2003). Lá ela atua como uma garota parisiense apaixonada por cinema que, junto com seu irmão gêmeo, seduzem um americano que compartilha suas paixões pela sétima arte. Os três fazem um triângulo sensual e incestuoso, passando os dias em um apartamento, durante os conflitos estudantis que marcaram Paris em 1968. O filme é ótimo, vale a pena assistir, coisa e tal, mas não sou crítico de cinema. Prefiro retornar à minha musa.

Eva Green me marcou com tintas indeléveis. Sim, ela fica nua no filme, mas sua nudez neste filme não é apenas erótica, é um vulcão de pseudo-libertinagem em uma avalanche de inocência, por mais contraditórios que possam ser estes conceitos. Sua nudez explica porque nossos pais lutaram tanto pelo amor livre na era pré-AIDS. É impossível não se apaixonar por ela. Não há como evitar.

Depois ela atuou no fraco Cruzada (Kingdom of Heaven, 2005), de Ridley Scott, mas estava tão fantasiada que quase não a reconheci. Agora ela é uma Bond Girl, pronta para entrar no Time A das estrelas, ser esmiuçada, abusada, ultraexplorada, mastigada e jogada fora. Uma pena, uma pena.

Mas para mim, ela será eternamente a Isabelle daquele apartamento na Paris de 1968, inexpuganável, irretocável, indefectível. A Isabelle tão apaixonada pela vida que é capaz de se matar apenas para não vê-la definhar. É esta a Eva Green que povoará meus sonhos. As outras eu jogo à multidão.

Ah, Isabelle...

Kim Jong Il - I'm so ronery

Claro que ia ter o video YouTube...






Cante junto!

I'm So Ronery

I'm so ronery
So ronery
So ronery and sadry arone

There's no one
Just me onry
Sitting on my rittle throne
I work very hard and make up great prans
But nobody ristens, no one understands
Seems that no one takes me serirousry

And so I'm ronery
A little ronery
Poor rittre me

There's nobody
I can rerate to
Feer rike a bird in a cage
It's kinda sihry
But not rearry
Because it's fihring my body with rage

I the smartest moste crever most physicarry fit
But nobody else seems to rearize it
When I change the world maybe they'rr notice me
But untir then I'rr just be ronery
Rittre ronery, poor rittre me
I'm so ronery

30 outubro 2006

EU VOU!


Quer ir também? Clique aqui e veja como.

Jabs


[i] Finalmente o mundo tem um novo nêmesis depois do desaparecimento do Osama Bin Laden e do desentocamento do Saddam Hussein. É ele, o folclórico regente da Coréia do Norte, Kim Jong Il, quem ocupa as manchetes das agências mundiais depois de realizar um teste nuclear desautorizado. Mas a melhor coisa que se pode retirar deste evento é que talvez agora, finalmente, o quase ignorado filme dos criadores de South Park, Team America: World Police receba os devidos créditos.

Para quem não conhece o filme, ele satiriza tudo e todos nessa "nova ordem mundial" pós 11 de setembro. Não sobra pra ninguém, desde a óbvia crítica à política bisonho-beligerante-bushista, até a patética linha "pacifista" defendida por atores e atrizes hollywoodianos. E tudo isso feito com marionetes espetaculares, com direito a expressões faciais animatrônicas.

Dois são os destaques: as músicas inspiradíssimas e a atuação impecável do próprio Kim Jong Il, com um boneco tão perfeito que por vezes pode ser confundido com o real. E vê-lo cantando sozinho em seu palácio o já clássico "I'm so ronery", justificando seus atos insanos por causa de (pasme!) carência afetiva, já vale o filme inteiro.

Está em sua locadora há algum tempo, então se não viu ainda, não vacile.

[ii] Eu também me junto à multidão que aguarda ansiosamente o lançamento da comédia besteirol Borat por aqui. Criado pelo comediante britânico Sasha Baron Cohen (o mesmo que fez o estranhíssimo e pouco visto Ali G Indahause), Borat é um repórter do Cazaquistão em viagem pelos EUA, fazendo entrevistas hilárias (e reais), num mockumentary (documentário falso) cujo objetivo é descobrir com os ianques como melhorar a vida de seu povo. O filme já rendeu sua dose de confusão diplomática entre EUA e Cazaquistão, mas isso é o que menos importa. O filme promete ser hilário.

Mas o que me fez escrever este pôste não é a ansiedade pelo lançamento, mas a descoberta de um saite pra lá de tosco, que se não foi o inspirador desta comédia é no mínimo uma coincidência absurda. Não vou nem falar muito a respeito para não estragar, só que a página é de um turco maluco chamado Mahir, que coloca na página apenas fotos suas e uma seqüência de frases mal escritas (em inglês) sobre suas preferências. Uma é a pérola do ano: "I like sex".

Levando em conta as semelhanças físicas dos dois, fica difícil acreditar na coincidência. Mesmo assim, vale pela curiosidade.

[iii] Juro que tentei fazer um antelóquio com a notícia que me enviaram. Tentei mesmo, mas não consegui imaginar algo que ficasse divertido o suficiente para justificar uma leitura. Quem quiser tentar, clique aqui para ver a notícia e depois que escrever me mande um emeio que eu faço questão de colocar lá no blogue (devidamente creditado, é claro).

26 outubro 2006

Imagem & Mensagem











Será que foi na base da raquetada?

(Agradecimentos para Danilo Mendonça pelo aviso)

Noite Literária - ALESP

Pessoal,

fui convidado para participar da Noite Literária, evento que ocorre dentro da Semana de Talentos que vai acontecer hoje na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, que vai ter leitura de textos e discussão sobre literatura. A organização do evento é da Mariana Estevam, que coordenou recentemente o Curso de Literatura Paulista (do qual este humilde rascunhador participou).

O evento começa às 18hs, no ILP (prédio anexo) e o endereço da Assembléia é:

Av. Pedro Álvares Cabral, 201
São Paulo - SP
Fone: 3886-6122

Maiores informações, clique aqui.

Espero vocês lá.

Gato Possuído 2

Tenha medo...

25 outubro 2006

Sobre escrever (parte 3)

É difícil. Sério. Não acredite se disserem o contrário. Estou há algumas semanas ensaiando o retorno à ultima parte de meu romance (é o terceiro), mas algo me segura. Pode ser bloqueio? Pode, mas bloqueio por que? Tempo eu não tenho, mas isso eu nunca tive, e mesmo assim consegui escrever dois romances e muito, além dos contos para o Necrópole, os pôstes ocasionais do Psicopata Enrustido, alguns contos experimentais, antelóquios, etecétera. Quando se tem inspiração o tempo aparece. Abdicamos do sono, das necessidades básicas, negligenciamos a família, a saúde, o escambau. Mas o texto sai.

Hoje mesmo escrevi uma crônica logo de manhã cedo, assim que cheguei ao escritório. Ficou muito boa, na minha humilde opinião, mesmo ela tendo sido escrita ainda sob o efeito das remelas do sono. Estou tentando vê-la publicada em algum lugar legal, mas se não conseguir coloco aqui mesmo.

O lance com o meu romance é simples: frustração. Estou frustrado, sim, confesso. A carreira está caminhando, os livros de que participo estão saindo, coisa e tal, mas as editoras teimam em ignorar meus romances. Se fosse uma recusa, beleza. Dá raiva, mas raiva é bom. Dá força. O problema é ser ignorado. Frustração exaure, suga energia criativa. É foda. Como trabalhar no terceiro romance se o primeiro ainda não saiu do hangar?

Mas daí eu vou e me deparo com um blogue legal, A Pequena Morte, da Claudia Lage. Lá ela brinca com o processo criativo de uma maneira bastante inteligente. Dá gosto de ler. Dá vontade de escrever. E lá tem um pôste muito interessante, intitulado "Vinte e uma coisas que aprendi como escritor", atribuído ao Moacyr Scliar (não verifiquei), que deixa a gente um pouco melhor. Não tanto quanto uma resposta de uma editora, mas já ajuda. Alguns exemplos (o resto você vê lá no blogue da Claudia, tá?):

APRENDI que escrever é basicamente contar histórias, e que os melhores livros de ficção que li eram aqueles que tinham uma história para contar.

APRENDI que uma boa idéia é realmente boa quando não nos abandona, quando nos persegue sem cessar. O grande teste para uma idéia é tentar se livrar dela. Se veio para ficar, se resiste ao sono, ao cansaço, ao cotidiano, é porque merece atenção.

APRENDI a não ter pressa de publicar. Já se ouviu falar de muitos escritores batendo aflitos, à porta de editores. O que é mais raro, muito mais raro, são os leitores batendo à porta do escritor.

Descaminhos Zebedianos 2

Mas frases utilizadas em mecanismos de busca que acabaram chegando ao blogue do Psicopata Enrustido. De novo, os comentários em parênteses são meus.

ATENÇÃO: o conteúdo pode ser considerado ofensivo para alguns!


imagens de velhos se masturbando (Bluaaaargh!!)

o psicopata ama? (Pergunta pro teu pai!)

padre psicopata (especializado em extrema unção!)

psicopata baiano (Amanhã eu te mato, meu rei...)

bunda grande (Bundão!)

sou homem mas assumo que ja chupei um pau (de novo: no Google?! Vai procurar ajuda profissional! Como um professor de internet da SOS Computadores...)

deus limpou meu nome sujo (São SERASA que estais no Céu!)

mulher cagando (Ah, as taras escatológicas...)

p ("P"? Pê?!?! )

frase de psicopata ("Olá, eu sou um psicopata.")

psicopata do escritorio (Matando tempo!)

careca, barrigudo, bigode, coroa, barrigudo (a.k.a. Visão do Inferno.... barrigudo!)

23 outubro 2006

A Voz do Fogo - Alan Moore


Há um sentimento quando se lê um bom livro, que se instala no leitor pouco antes de seu final. É um sentimento conflitante e angustiante. Você quer saber como a história termina, mas ao mesmo tempo não quer que ela acabe, devolvendo-o à sua realidade prosaica e destemperada. Há um sentimento de orfandade, de inevitabilidade. Desagradável, até.

Ironicamente, este sentimento não acontece com o primeiro livro de Alan Moore (se ainda não o conhece, deveria). Não acontece pois a leitura de A Voz do Fogo (2002, Conrad Editora, 331 págs.) é desgastante, cansativa, exaustiva. Não que o livro seja ruim, muito pelo contrário. Mas a experiência é tão rica e tão avassaladora que nós, pobres e incautos leitores, somos pegos de surpresa. Uma surpresa boa, é claro, mas nem por isso menos exaustiva.

O livro tem uma premissa simples: Doze contos sobre doze personagens pinçados em cinco mil anos de história, tendo como único ponto comum sua localização geográfica (a cidade-natal do escritor, Northampton, na Inglaterra). Sim, Moore transcende o tempo mas limita o espaço, o que por si só já seria um exercício narrativo instigante. Mas o recluso autor de Watchmen e A Piada Mortal (entre outros clássicos absolutos das HQ's) inova não só no conteúdo, mas também na forma. Cada conto é narrado na primeira pessoa do presente, utilizando experimentações de voz narrativa que vão muito além do trivial. O primeiro conto já faz parte do folclore literário, e só ele já justifica a aquisição do livro. Dizem por aí que Moore limitou seu vocabulário a 400 palavras (incluindo artigos e pronomes), de modo a "reproduzir" a linguagem primitiva da idade do bronze. coisa que não pude comprovar pois li a versão traduzida. Aliás, me compadeço da tradutora, Ludimila Hashimoto Barros. Se ler já foi um esforço monstruoso, imagino o que não deve ter sido traduzir. Um trecho, apenas para ilustrar:

"Por trás de colina, lado onde sol desce, está céu como fogo. Subo para lá, é tudo difícil de respirar, onde grama está esfriando em pés de eu, molhando eles".

Deu para perceber, não é? Além do vocabulário limitado, Moore também abriu mão das regras gramaticais, reduzindo-as a um mínimo que, mesmo compreensível, não é de leitura fácil. Aliás, numa das poucas entrevistas concedidas pelo autor na ocasião do lançamento, ele já avisava: "Boa sorte com o primeiro capítulo".

Mas ele não pára por aí. A cada conto novo nos deparamos com figuras bizarras, com histórias envolventes e por vezes assombrosas. Não há finais óbvios, bem amarrados. Não há pistas de entrelaçamento entre as histórias. É como se telepaticamente perscrutássemos a mente dos personagens retratados enquanto estes vivenciam suas desventuras, mesmo que estas sejam narradas por uma cabeça decapitada pendurada em uma muralha medieval ou uma bruxa que relembra sua vida enquanto as chamas consomem seu corpo.

No último conto, o autor se torna personagem, se igualando a todos os outros que o precederam, colocando-o no mesmo patamar. Há um exercício de metalinguagem soberbo, que reproduzo abaixo:

"Afasto-me da tela, do texto e do cursor, de sua pulsação de transe hipnótico. Tomo consciência do ardor dos olhos, da mesa transbordante. O cinzeiro oco em forma de rã bocejando, uma grande cascata de pontas de cigarros e restos azedos derramando de sua garganta de porcelana. O dedo indicador da mão direita suspenso acima das teclas. O autor digita as palavras 'o autor digita as palavras'".

Ao final, a leitura não é satisfatória. O conhecimento de que aquelas histórias, por mais exercícios de ficção que possam ser, foram baseados em casos reais (ou quase) deixa-nos com vontade de conhecer mais, de vivenciar novas experiências alheias, em qualquer época que o autor escolher. Mas ao mesmo tempo não sabemos se seríamos capazes de suportar mais do que as trezentas páginas que Moore nos permite invadir. Há o desgaste, mas com um gosto de quero mais. Como após uma boa noitada de sexo ou de uma lauta refeição.

Mas, afinal, sobre o que é o livro? Novamente, deixo o próprio autor explicar:

"É sobre a mensagem vital que os lábios rijos de homens decapitados ainda exprimem. O testemunho de cães pretos e espectrais escritos com xixi em nossos pesadelos. É sobre ressuscitar os mortos para que nos contem o que sabem. É uma ponte, uma passagem, um ponto gasto na cortina entre o nosso mundo e o submundo, entre a argamassa e o mito, o fato e a ficção. Uma gaze puída mais fina que uma página. É sobre a capacidade sobrenatural das bruxas de falar línguas desconhecidas e a sua revisão mágica dos textos nos quais vivemos. Nada disso é exprimível em palavras".

O que esperar de uma obra com uma descrição como esta?

20 outubro 2006

O Troco

Na entrevista dada por Geraldo Alckmin para a CBN hoje de manhã, o candidato negou ser membro da Opus Dei, utilizando a seguinte argumentação:

"Não sou e respeito quem participa, porque eu respeito as pessoas que tem religião, independentemente da religião que é".

Eu sou ateu. Deste modo, não tenho nenhuma religião. Seguindo o raciocínio, o candidato do PSDB à presidência da república não me respeita.

E eu não voto em quem não me respeita.


P.S.1: Achou a minha argumentação furada? Compare com a que recebi por email, que dizia: "No próximo dia 29/10/06, na hora de votar você pode somar: 29+10+06 = 45 (o número de Alckmin) ou diminuir: 29-10-06 = 13 (o número de Lula)". Dessa até o Zagallo se envergonharia.

P.S.2: Lembrem-se sempre: o inimigo do meu inimigo não é necessariamente meu amigo. Não tirem conclusões precipitadas.

19 outubro 2006

Sobre escrever (Parte 2)

Eu ia escrever um pouco mais sobre o processo criativo, mas coincidentemente me deparei com uma coluna de um tal de Stephen King (conhece?) no Washington Post (em inglês) falando exatamente a este respeito. Vou então dar uma chance ao rapaz e citá-lo aqui neste humilde espaço. A tradução livremente ruim é minha.
"Há um mistério cercando a escrita criativa, mas é um mistério entediante, a menos que você esteja interessado neste pequeno animal, algumas vezes bem raivoso, que faz sua toca em arbustos. É uma coisinha rabujenta e pulguenta, e que cheira a alguma coisa nojenta que ele tenha rolado em cima. Ele não pode ser nunca mais do que semi-domesticado e não é conhecido por sua lealdade. Eu falarei mais a respeito deste monstrinho - que os gregos deram o comicamente nobre nome de Musa, que significa canção - mais tarde, mas neste meio tempo acredite em mim quando eu digo que há pouco mistério ou tragédia a respeito de todo o resto, e é por esta razão que nunca mostram os roteiristas trabalhando nos making of's dos filmes, apenas as bebedeiras e as heróicas vomitadas ao amanhecer.

"Aprenda isso: A assim chamada "Vida de Escritor" é basicamente sentar e escrever".
Neste ponto, apesar da argumentação interessante, eu discordo. Sim, vista de fora a rotina do escritor realmente é essa. Sim, pensando em termos "aventurescos", ser escritor pode ser visto como uma profissão ou ocupação bastante maçante. Mas, como costumo dizer, escrever é muito mais do que sentar e colocar uma letra depois da outra. É algo que permeia nossa vida. O ato de sentar e escrever, numa analogia exagerada, pode se comparar ao ato sexual após toda a paquera, flerte e sedução do sexo oposto. E o resultado desta etapa derradeira depende muito das preliminares.

Antes de sentar a bunda na cadeira e sair digitando, muita preparação é feita. Há a inspiração, que é aquele estalo fugaz que precisa ser capturado imediatamente, sob o risco de vê-lo perdido. Há o momento de estruturação mental da trama, e depois o primeiro esboço (ou mapa) no papel. Há a criação dos personagens, das ambientações, dos detalhes físicos, etc. Há o primeiro planejamento dos capítulos. Há a escolha (essencial) do modo como a história será contada. Só então o escritor senta a bunda na cadeira e despeja seu conteúdo. Uma coisa que o escritor deve ter sempre em mente é que seu leitor não é burro, e perceberá quando está sendo enganado. Para evitar uma história mal amarrada e pouco convincente, muita preparação é necessária antes de começar a escrever.

Mudando de tópico, vejam o que King diz sobre o famigerado "Bloqueio do Escritor":
"Pode haver um período de semanas ou meses quando ele (o tal monstrinho) não aparece; isto é o chamado Bloqueio do Escritor. Alguns escritores no meio de um Bloqueio pensam que suas musas morreram, mas não acho que isso aconteça tão freqüentemente; Penso que o que acontece é que os escritores pulverizam os cantos de suas clareiras com iscas venenosas de modo a manter suas musas longe, freqüentemente sem saber que estão fazendo isso".
É um modo lírico de analisar, mas pessoalmente prefiro a definição que Raimundo Carreiro coloca em sua Oficina Literária Online (acesso gratuito):
"O texto travou, o escritor travou. Sim, isso mesmo. Olho no texto, palavra por palavra. Agora você já sabe, descobriu. Travamos porque não conhecemos a personagem. Não o suficiente".
Compartilho desta impressão. Quando travamos, devemos retornar ao conteúdo material do texto, à pesquisa, à construção dos personagens. Precisamos reler, adicionar elementos às histórias de cada um deles, criar em cima do material de pesquisa. Tirar os olhos da trama e olhar o cenário. Isso funciona para tudo, aliás.

Mas o texto de Stephen King tem seus méritos (o rapaz tem potencial). Destaco principalmente o trecho abaixo, de uma maturidade surpreendente para um iniciante como ele:
"Sempre me perguntam se aulas de escrita podem ajudar, e minha imediata e entusiasta resposta é sempre Sim! Aulas de escrita são maravilhosas para os escritores que as ministram e é impossível fechar as contas sem esta renda suplementar".
Um toque de cinismo à ironia sempre é bem vindo por este escritor aqui.

(Antes que me encham o saco, não, eu não sou fã do trabalho de Stephen King. Pelo contrário, acho sua produção bastante irregular. Gosto bastante de alguns livros, mais simplesmente ojerizo outros.)

Estatus Âpedeite

Pois é, pois é, vamos ver a quantas anda minha maratona literária, já que não fui convidado para a Balada (sem ressentimentos declarados, gente!).

Tem notícia quente! A próxima coletânea que participo, Visões de São Paulo, da recém criada Tarja Editorial, já tá no forno. São cinqüenta escritores dos bons e sem falsa modéstia reunidos em cinqüenta ensaios urbanos sobre São Paulo. Coisa fina, capa bonita e lançamento marcado. Pois é, pois é, marque aí na sua agenda: dia 2 de dezembro (sabadão, pra ninguém reclamar), a partir das 18:30 (depois da hora da ave-maria, pra ninguém arrumar desculpa), na Casa das Rosas, lá na Paulista (mão na roda, perto de metrô, ponto de ônibus e estacionamento, pra ninguém se atrasar). Quero todo mundo lá. Precisando de carona, favor agendar com antecedência, pois o Fiesta lota rápido. Mas garanto a trilha sonora no som novo com eme-pê-três que comprei para substituir o que foi roubado durante as palestras que dei no SESC. Doze vezes sem juros no cartão, mas tá lá.

Tem também notícia picante. Está às vésperas de ser lançada a coletânea Morte Doce, da Editora Tabu, que este vosso causador também participa. Desta vez serão 13 escritores discorrendo sobre o suicídio. Quando tiver maiores informações a respeito do lançamento eu aviso, podexá.

Tem notícia saindo do frízer. Pra quem acha que a Coleção Necrópole, da Editora Alaúde vai parar no segundo volume, pode tirar o crucifixo da algibeira (?). Ainda é cedo pra falar mais do que isso, mas podem ter certeza que o negócio está caminhando, e esperamos armar algumas surpresas. Pois é, pois é!

Tem notícia requentada. Ainda não recebi nenhuma resposta da avaliação dos originais de meu primeiro romance por parte de nenhuma das editoras que mandei. Nada para arrancar os cabelos ainda, mas a ansiedade é difícil de controlar.

Tem notícia congelada. Estou empacado há mais de um mês em meu terceiro romance. Não é bloqueio nem nada disso, mas é que são tantas coisas acontecendo que está difícil arrumar um tempo para relaxar e deixar fluir. Além disso o video gueime está destruindo minha concentração.

Pois é, pois é. Cinco em um e meio é uma média bem boa, mas seis seria excelente.

Vamos ver e vamo que vamo.

17 outubro 2006

Despleitados

1º Turno

Estou cansado de receber emeios com piadas e pseudo-denúncias contra o Lula. Cansado mesmo. Aparentemente a pequena burguesia tucana descobriu que é possível usar a internete como ferramenta para disseminar correntes pretensamente úteis e falsamente esclarecedoras para nós, pobre eleitores desinformados.

Por favor, esqueçam meu endereço de emeio quando forem enviar estas bobagens. Voto em quem eu quiser e pronto. E não sou obrigado a declarar meu voto. Tenha dó.

Se eu fosse confiar em tudo que recebo por emeio, pararia de usar xampú, não esquentaria água no microondas e teria ajudado o pobre Brian na Argentina (?), que só queria ver seu emeio percorrer o mundo antes de morrer de alguma doença pavorosa. Ah, e compraria um monte de coca colas só para desentupir meus ralos.

2º Turno

O Guilherme Fiuza escreveu um artigo interessantíssimo em seu blogue, o Política & Cia., a respeito da briga eleitoral bizarra que estamos testemunhando. Um trecho:

"O manejo dos dados nesse debate político está lembrando a piada de português em que um avião cai sobre um cemitério e o acidente registra um número recorde de corpos".
Vale dar uma conferida, seja você lulista ou chuchuzista.

Prorrogação & Pênaltis

Alguém viu o caso da petista que teve o dedo arrancado à mordidas (!) por uma tucana (no sentido de partidária, não o pássaro, que daí seria ironia demais) num bar no Rio?

Clique aqui e leia a história completa.

Se a moda pega...

Escritores - Teoria Literária

Esta comunidade do Orkut é bem interessante para escritores que buscam trocar idéias e opiniões a respeito de criação literária e mercado editorial. Além do mais, é proibido colocar textos autorais, o que é ótimo!

Só não dêem muita atenção aos desmandos de um usuário chamado Albert Paul e suas propagandas.

Fica a dica.

(Para visitar a comunidade, clique no título deste pôste.)

16 outubro 2006

Descaminhos Zebedianos 1

De vez em quando vou colocar aqui algumas das palavras utilizadas em mecanismos de busca que inadvertidamente acabaram caindo no blogue do Psicopata Enrustido. O motivo é que este blogue em particular tem a capacidade de desencavar as pessoas mais bizarras da internete, aquelas que buscam coisas completamente insólitas e que tratam o Google como um tipo de Multivac ou guru tibetano. Os comentários entre parênteses são meus.

ATENÇÃO: o conteúdo pode ser considerado ofensivo para alguns!

quero bater punheta sem pagar nada (ué, não sabia que era algo compulsório!)

homens no banheiro pelado ou nu (ou não...)

flagrantes paris hilton (essa é figurinha carimbada)

paguei um boquete pro meu amigo (o que eu faço, São Google?!)

sono dos psicopata (são permeado com os pesadelo do Zé do Caixão!)

o escravo engoliu toda porra (Menino mau!)

bundas de bikini (bikini tem bunda?!?)

lambedores de bucetas (uma ONG pouco divulgada)

doutor bacteria banheiros (colega do Doutor Hans Chucrutes)

senta no meu pau sua vaca (macho de internete!)

mulher cagando no pau (quem mandou usar xilocaína em vez de KY?)

frases psicopátas (Êu vôu tê matár!)

banheiro publico cara olhou meu pau (o que esse cara esperava que o Google respondesse?!)

psicopata mata colegas (e vai ao cinema)

dei o cu para o negao (e eu lá quero saber disso?!?)

cerveja cu punheta (êita!)

Sobre escrever (parte 1)


Assim que eu comecei a realmente me dedicar ao ofício da escrita como algo mais sério que um mero passatempo (há aproximadamente 3 anos), logo descobri algo que para mim foi uma revelação surpreendente: Há MUITOS escritores inéditos no Brasil. Mas muitos mesmo! Talvez até mais do que leitores.

Meu primeiro contato com estes escritores foi em listas de discussão via emeio (principalmente no Yahoo! Grupos). Munido com meu primeiro original já quase concluído, entrei em pelo menos meia dúzia destas listas, voltadas para a literatura fantástica e de terror (na época o gênero que adotei), em busca de leitores críticos e de me integrar a essa "comunidade", pois confesso que eu era o único escritor que eu conhecia pessoalmente.

Este primeiro contato foi extremamente válido por diversas razões. A primeira, e sem sombra de dúvida a mais importante, foi ter conhecido as pessoas que alguns meses mais tarde formariam junto comigo o NecroZine. Foi este realmente o primeiro passo para que meu passatempo se tornasse algo mais sério, profissional e com alguma perpectiva. Os primeiros frutos desta união estão aí, nas livrarias, o que demonstra que foi um caminho acertado.

Mas uma outra razão que tornou a experiência nestas listas válido foi ver que grande parte dos "escritores" inéditos que populam a internete ainda navegam em um mar de amadorismo e egolatria que, é triste constatar, não tem porto seguro ou objetivo definido. Realmente são poucos os que realmente levam o ofício de escrever a sério, que realmente se preocupam com todos os meandros e detalhes que a atividade pressupõe. Como já disseram por aí, escrever não é fácil. Se alguém lhe disser isso, não é um bom escritor. A fórmula "10% de inspiração, 90% transpiração" é tristemente verdadeira.

É por esta razão que eu pergunto: por que alguém em sã consciência opta por adentrar esta carreira tão trabalhosa e tão pouco recompensadora (em termos financeiros, que fique bem claro)? Quais os motivos que fazem que uma pessoa se sente na frente de um computador e "perca seu tempo" em uma história que em raríssimos casos será lida por mais de meia dúzia de pessoas, quiçá virar um livro?

Já me perguntaram isso. "Por que você escreve?". Minha resposta padrão é um chavão maldito: "Para não ficar louco!".

Claro, isso é uma bobagem escrita apenas para arrancar risadas do leitor. Não tenho vocação para maluco (apesar do que dizem por aí!), e com certeza não ficaria se não escrevesse.

Então por que eu escrevo?

Eu bem que queria saber.

Hoje ainda há listas de emeio ativas, mas o grande oásis dos autores inéditos famintos por atenção e adulação é o famigerado Orkut. Há diversas comunidades sobre o assunto, a maioria passando bem longe de assuntos realmente interessantes e importantes para engrandecer uma carreira literária, se limitando a ser um repositório de poesias e textos extremamente mal escritos lançados por "escritores" urgentes por elogios que saciem sua fome egomaníaca (não é raro o patético complemento "Comentem!" ao lado do título do texto). Ou seja, plus ce change, plus ce meme chose...

Acho que é a hora de pensarmos não tanto no COMO, mas mais no POR QUÊ escrevemos. E aqueles que encontrarem a resposta (sei que vocês estão aí!) com certeza se sobressairão neste mar de "escritores" medíocres que permeiam a infernete.

Eu volto a esse assunto.

Re-rompendo o hímem

- Mais um blogue? Não a-cre-di-to!
Esta, claro, é a opinião de minha mulher, fazendo referência implícita a meus outros blogues, o Memórias de um Psicopata Enrustido, o pouco conhecido Antelóquios e, é claro, o NecroZine, que que criei junto com a Camila Fernandes, o Gian Celli, o Giorgio Cappelli e o Richard Diegues e que originou a Coleção Necrópole (não comprou ainda?). Isso porque ela não conheceu o finado Moscas de Padaria, que fiz em conjunto com o Paulo Castro, o Nelson Botter e o Richard Diegues, e nem O (In)Completo Guia do Homem Casado, abandonado após dois míseros pôstes.

Como podem ver, estou sempre procurando o próximo projeto que não vou terminar (raras exceções). Sou assim, com dificuldades para terminar tudo que começo. E começo muitas coisas. Muitas MESMO.

Mas havia um projeto que este infame escritor cabeludo ainda não tinha feito. Um blogue pessoal. Pois é. Isso mesmo. Eu pulei a fase em que todos normalmente começam. Pois bem, este aqui tentará ser a solução para este hiato em minha carreira ainda iniciante.

O blogue do Psicopata Enrustido nasceu mais ou menos com esta finalidade, mas com o tempo meu alter ego "Zebediano" tomou conta de seu espaço, mijou na agüínha (sick) e reclamou usucapião. Hoje aquele blogue é só dele, mesmo sendo eu quem realmente escreve (juro!). E eu adoro escrever lá, mas sentia falta de um espaço só meu, sem alucinações esquizofrênicas sociopatas incomodando. Pois aqui sou eu mesmo, Alexandre Heredia, 1,90m, 90kg mal distribuídos, cabeludo, sedentário, analista de sistemas por acaso e escritor por teimosia pura. Prazer.

Aqui escreverei sem preocupações com o tema. Escreverei, olha só o chavão, o que der na telha. Assisti um filme e quero falar bem ou mal? Dá-lhe pôste. Li um livro (acontece!)? Dá-lhe crítica. Pensei algo que gostaria de compartilhar? Manda ver! Lancei mais um livro e quero convidá-los para o lançamento? Estamos aí! Política, religião e dois canos fumengantes? Atira! Li alguma notícia interessante que não justifica um Antelóquio? Copio e colo com o linque.

Como podem ver, não é uma idéia original. Aliás, nem o nome é original (como podem atestar meus amigos da lista de Literatura Corporal do P.C.). O templeite também não é, só foi modificado a partir de um já pronto. Sei, sei, ficou meio guei, mas, parafraseando o Marcelino Freire, eu 'blogay', então fazer o quê? Relaxar e gozar em mais um clichê insuportável.

Ah, um aviso: tenho mania de escrever pôstes longos. E não sou conhecido pela regularidade. Vou tentar evitar isso por aqui. Podem cobrar.

Bom, vamos ver no que isso vai dar.

Abraços,
Alexandre Heredia