"Eu comecei a escrever esse livro, o Cinzas em 1980, lá em Madri. Ou seja, 26 anos depois é que eu concluí. Só agora consegui escrever o romance que eu gostaria de ter escrito, porque naquele momento não tinha maturidade, nem a distância temporal para abordar os temas do Cinzas. O que eu escrevi em 1980 não passava de uma crônica superficial, tinha muita tese... E um romance não pode explicar nada. Um romance é uma fonte de questões, dúvidas e ambiguidades".
Trecho da entrevista de Milton Hatoum ao Terra Magazine. Milton Hatoum, para quem não sabe, foi o vencedor do prêmio Portugal Telecom e do Jabuti deste ano por seu livro Cinzas do Norte (2006, Cia das Letras). O trecho acima chamou a minha atenção pois, sem demagogia, sempre foi o que eu achei que um romance era: uma fonte de questionamentos, não um repositório de respostas. A boa literatura deve instigar perguntas. Para respostas óbvias, leia auto-ajuda.
Este é o real trabalho do escritor: fazer o leitor pensar.
Nem que leve 26 anos para que as perguntas sejam formuladas.
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