13 novembro 2006

Desbloqueando a aleatoriedade

Não sei quantos de vocês conhecem a nova ferramenta do Google, que permite que você crie uma página personalizada com diversos widgets, alguns úteis (como visualizar as novas mensagens em sua conta no GMail ou os arquivos guardados no Google Notebook), outros nem tanto, mas mesmo assim divertidos (Citações, notícias, RSS Feed de blogues...), e outros completamente inúteis (Joguinhos toscos, ferramentas que não servem pra nada, enchedores de lingüiça, etc), mas que também podem ser muitos divertidos.

Entre estes últimos tem um que é muito legal (mesmo sendo completamente imbecil). É um "desbloqueador" de escritores. Ele cria uma seqüência de frases aleatórias que, em tese, podem inspirar um escritor a escrever algo. É mais ou menos um navio pirata para um náufrago.

Hoje de manhã me deparei com o seguinte na tal ferramenta:


Tradução:

Uma esposa comete adultério
Com uma garrafa de uísque vagabundo (!!).
Além da janela a cena é bucólica;
o telefone toca,
enquanto abutres bicam os restos (de algum cadáver?).





Não sei até que ponto esta seqüência de frases embaralhadas podem inspirar alguém a escrever algo além de um pôste num blogue, mas que é algo muito divertido imaginar um marido sendo traído com uma garrafa de uísque vagabundo, isso é. Freud daria piruetas de alegria. Dançou na boquinha da garrafa.

O ponto que quero explorar é a questão que já comentei aqui da mistificação da criação literária. A grande maioria acha que é preciso apenas um retalho de idéia para que o "iluminado" escritor saia por aí criando obras-primas e divisores de águas da literatura ocidental (quiçá mundial, olha aí!).

O verdadeiro escritor sabe que não é bem assim, não é? É claro, grande parte da criação se baseia em um farrapo de idéia que com muito trabalho e pesquisa cresce e se torna algo coeso, mas até aí automatizar o processo simplesmente embaralhando frases ao acaso é forçar bastante a barra. É nivelar a criação por baixo.

Mas que é divertido, isso é.

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