Tem sido um final de ano avassalador.
Tirando o habitual da jornada tripla (analista de sistemas + escritor + pai de família), estas últimas semanas tem sido mais complexas do que o normal. O dia não tem horas o suficiente, então durmo menos. Como durmo menos, rendo menos no dia seguinte. Rendendo menos o trabalho se empilha. E quando vemos estamos à beira de uma avalanche a qual não temos como escapar.
E, como se não fosse o suficiente lidar com este estresse, hoje eu e minha esposa entristecemos com a notícia da morte de sua avó, a alegre Dona Maria Amélia (ou Mara, para os íntimos). A dor foi maior pois não a víamos há algum tempo, desde que ela se mudou para a casa da filha em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Ela não estava bem há cerca de uma semana, quando foi hospitalizada, e infelizmente sucumbiu hoje de madrugada.
Vó Maria (como minha filha a chamava) era uma figura ímpar. Ela e minha esposa tinham uma ligação muito especial. Minha primeira lembrança dela foi quando conheci Tatiana, que me avisou que a avó, por motivos obscuros, não queria que ela se casasse com um espanhol. Para quem não sabe, sou neto de ciganos espanhóis. Mesmo assim Dona Mara foi sempre uma boa companheira e nos ajudou muito no começo de nossa relação. E, mesmo em meio às crises familiares, sempre arrumava tempo para um sorriso e uma canção. Era uma mulher exemplar e que vai deixar muitas saudades.
Muito obrigado por tudo, Vó Maria.
29 novembro 2006
28 novembro 2006
É neste sábado!
A Tarja Editorial convida você para o lançamento do livro...

Lançamento Nacional
2 Dez 2006
Sábado 19 horas
Av. Paulista, 37
Estacionamento na Al. Santos
Autores participantes da obra:
2 Dez 2006
Sábado 19 horas
Av. Paulista, 37
Estacionamento na Al. Santos
Autores participantes da obra:
Alexandre Heredia - Andre Vianco - Andrei Puntel - Camila Fernandes - Carlos Orsi - Carolina Freitas - Claudinei Vieira - Cristina Lasaitis - Daniela Fernandes - David P. Hoffmann - Denise M. Guimarães - Dóris Fleury - Déia Batista - Eduardo Baszczyn – Fernando A. Moyses Fernando David - Fernando de F. L. Torres - Fábio T. Torres - Gianpaolo Celli - Gilmar Silva "Lewd" - Giorgio Cappelli - Heloisa Pait - Iuri Ribeiro – Jean Canesqui - Leonardo Pezzella Vieira - Liz Marins - Luis Vassallo - Marcelo Ferrari - Marcelo Del Debbio - Mauricio Zampieri Mikola - Mauro Caramico - Melissa Mell - Nelson Botter - Nelson Magrini - Patricia Soares - Paulo Castro - Pedro M. S. Oliveira - Raul Tabajara - Richard Diegues - Roberta Nunes - Rodrigo Venkli - Rogério Augusto - Rosana Braga - Sandra Saruê - Sergio J. G. Silva -Tati Bernardi - Tatiana Carlotti - Valter Goulart - Verônica B - William Goldoni
Conheça mais sobre a obra no site da editora: www.tarjaeditorial.com.br
24 novembro 2006
Questionamentos de Milton Hatoum
"Eu comecei a escrever esse livro, o Cinzas em 1980, lá em Madri. Ou seja, 26 anos depois é que eu concluí. Só agora consegui escrever o romance que eu gostaria de ter escrito, porque naquele momento não tinha maturidade, nem a distância temporal para abordar os temas do Cinzas. O que eu escrevi em 1980 não passava de uma crônica superficial, tinha muita tese... E um romance não pode explicar nada. Um romance é uma fonte de questões, dúvidas e ambiguidades".
Trecho da entrevista de Milton Hatoum ao Terra Magazine. Milton Hatoum, para quem não sabe, foi o vencedor do prêmio Portugal Telecom e do Jabuti deste ano por seu livro Cinzas do Norte (2006, Cia das Letras). O trecho acima chamou a minha atenção pois, sem demagogia, sempre foi o que eu achei que um romance era: uma fonte de questionamentos, não um repositório de respostas. A boa literatura deve instigar perguntas. Para respostas óbvias, leia auto-ajuda.
Este é o real trabalho do escritor: fazer o leitor pensar.
Nem que leve 26 anos para que as perguntas sejam formuladas.
23 novembro 2006
Soltando o verbo!

Ontem fui ao lançamento do livro Soltando o Verbo, pela editora Nova Esfera, do meu amigo Nelson Botter Jr.
O livro é uma seleção de crônicas ecléticas de diversos autores novos que estão surgindo por aí.
Na verdade são 20 autores, dos mais variados estilos.
Gente que não faz só espuma, não. Faz é muito barulho.
Cheguei meio puto, depois de fritar 3 horas no trânsito do Morumbi até a Pompéia.
Mas valeu.
O bar (Santa Zoé) é bem legal.
O povo, melhor ainda.
E a cerveja vem confortável em baldinhos de gelo.
Temo ficar mal acostumado.
Sobraram abraços e parabéns pela estréia do grande amigo (e grande escritor!) Fernando Alonso.
(Que já não agüenta mais piadinhas referentes ao seu homônimo mais rápido)
Aliás, injustiça, pois o Fernando (o nosso) engatou a sexta e desceu a reta a milhão.
Mal estreou e já vai lançar mais um livro semana que vem.
É que ele também está no Visões de São Paulo.
(Não esqueceu, não é? Dia 2/12, sábado, à partir das 19hs, na Casa das Rosas, sem direito a desculpas)
No cardápio, um petisco chamou nossa atenção.
No meio de fritas, calabresas e mandiocas, um nome Provocante.
Assim mesmo. Provocante. Não tinha como não pedir. Nos provocou. Pedimos.
(Confesso que só entendi o trocadilho quando os discos de provolone crocante foram colocados em nossa mesa)
Conhecemos então a simpatissíssima Luciana Muniz, que também está no livro.
Beijos, fotos, autógrafos e tchau, pois ela tinha muita gente para cumprimentar.
(Vida de autor é isso, Lu. Vai se acostumando!)
Algumas Originais depois conhecemos o cover do Phil Collins, o Léo Lousada (que também integra o escrete do livro).
Figuraça. E trocadilhista inspirado. Sérgio Naya que o diga.
O Richard Diegues aproveitou e convidou uma penca de gente fina pro lançamento do Visões de São Paulo.
(Não esqueceu, não é?)
Acabamos fechando o bar, eu e o Richard. Todos os autores já tinham ido embora.
Mas com a promessa de novos encontros.
Vou cobrar, hein?
Sucesso para todos! Vejo vocês no dia 2!
Enquanto isso, vou curtindo meu Dia da Consciência Encefálica particular.
Garçom?
21 novembro 2006
Quer pagar quanto?!

Entrevistador: - Muito bem, qual a vaga pretendida?
Garoto: - Analista de sistemas.
E: - Ótimo! Exatamente o que estávamos procurando! Você tem um currículo?
G: - Não. Precisava?
E: - Ajudava. Mas tudo bem, você pode preencher uma ficha padrão. Vejamos: onde você se formou?
G: - Não me formei. Aliás, nem estudei em lugar nenhum...
E: - Hum, tudo bem. Mas você tem alguma experiência profissional?
G: - Nenhuma. Esta é a primeira empresa que eu entrei.
E: - Não entrou ainda. Mas e experiência em programação? Tem alguma?
G: - Arrã. Já fiz uns programinhas em Logo no computador de casa. Fiz um trenzinho que atravessava a tela. Bem bonito. Também programei bastante em Basic, no MSX do meu primo. Um programinha meu até foi publicado em uma revista...
E: - Que revista?
G: - "Micreiros". Só teve um número. Meu primo mesmo que editou. Não foi pra frente. O Xerox era muito caro.
E: (Faz um longo muxoxo)
G: - E aí? A vaga é minha?
Pausa. Qual em sua opinião seria a resposta do entrevistador? Três opções:
a) Desculpe, mas não temos nenhuma vaga que se encaixa em seu perfil. Passar bem.Obviamente a resposta natural seria a alternativa A. As outras poderiam fazer parte de um episódio de Além da Imaginação ou algo semelhante. Mas vamos analisá-las mesmo assim.
b) Claro! Sabe, nós somos uma empresa com veias filantrópicas. Não ligamos a mínima para ganhar dinheiro. Achamos um desafio pegar uma massa bruta como você e moldar em um profissional competente. É para isso que nós existimos, para dar a você, pobre mentecapto, uma chance de ser alguém! Seja muito bem vindo à nossa corporação!
c) Claro! Só que, veja bem, o acordo é um pouco diferente do que você está imaginando. Nós te damos a vaga, sem problemas. Só que você vai ter que pagar para a gente o seu salário. Digamos, três mil por mês está bom? Você programa para a gente nas linguagens que quiser, e caso algum cliente nosso se interessar por um programa de sua autoria, te pagamos uma mísera comissão em cima do valor de venda do programa. Que tal?
A alternativa B é o sonho de qualquer desempregado. Conseguir um emprego legal sem precisar estudar ou ter experiência anterior. É um emprego de mão beijada de uma empresa extremamente maternal. Já a C é o oposto. Um pesadelo completo. O pobre coitado além de trabalhar sem perspectivas de ganhos, teria que PAGAR para isso! É uma situação óbvia de golpe. Quase escravidão!
Os mais sagazes com certeza já entenderam a analogia. Sim, é sobre o mercado editorial. A alternativa A é a resposta padrão de uma editora tradicional. Perceba que o entrevistador nem se deu ao luxo de ler o programa escrito pelo garoto. E por que? Porque ele sabe que será algo que não o interessará, que não trará lucros ou benefícios de qualquer tipo à sua organização. Por outro lado a alternativa B simboliza o que um escritor espera de uma editora. É uma perspectiva irreal e fadada à decepção. Já a C, bom, ela simboliza o real objetivo destas linhas: as famigeradas "editoras sob-demanda".
E por que famigeradas? Porque elas apregoam serem "prestadoras de serviço", quando na verdade são apenas "buracos negros do seu dinheiro". Os únicos que realmente lucram com a impressão de livros sob demanda são os donos da "editora". Nem escritores nem leitores são beneficiados. Nem monetariamente, nem em termos de divulgação do trabalho. Confessa: quantos livros "artesanais" como estes você comprou espontaneamente no último ano? Aqueles lançados por seus amigos que você comprou para "dar uma força" não contam!
Entenda de uma vez: ser escritor é uma profissão como qualquer outra. Não é apenas sentar na frente de um computador e colocar uma palavra atrás da outra. Requer estudo e muita, mas MUITA prática. Requer tanta dedicação e empenho quanto qualquer outra carreira intelectual. E por que esta profissão deveria seguir padrões tão estapafúrdios como os apresentados na anedota aí em cima? Duvido muito que qualquer um aceitasse trabalhar nas condições impostas pela alternativa C. Então por que as aceitam quando se tornam escritores?
Eu sei na pele o quanto é difícil agüentar as recusas das editoras. Não é algo fácil de digerir, pois, diferente de profissionais mais "braçais" (sem ofensas), escritores se consideram Artistas (com A maiúsculo mesmo). Querem ser lidos, nem que para isso tenham que abrir mão de RECEBER pelo próprio trabalho e até mesmo PAGAR uma dinheirama para isso. É aí que estas tais "editoras sob-demanda" cravaram seus dentes. E nós, impulsionados por nossos egos inflamados e pela carência de atenção, caímos em seu golpe. Vendemos carro, fazemos empréstimos, passamos necessidades, brigamos com a família, sujamos nosso nome, fazemos o diabo em nome da arte. E todo este esforço termina na maioria das vezes com uma casa abarrotada de livros encalhados e o escritor de volta ao ponto de onde começou: desconhecido e pouco lido. Além de um pouco mais pobre.
Claro, há exceções. Todo escritor pode citar outros que saíram do anonimato bancando a primeira edição de seu primeiro livro. Mas é a velha mania de confundir as exceções com a regra. Garanto que para cada escritor que conseguiu, seja por sorte ou por competência, engrenar uma carreira de sucesso bancando o primeiro livro há pelo menos mil outros que morreram no esquecimento e no cheque especial.
Não estou de forma alguma justificando com este discurso a atitude de grande parte das editoras convencionais, que levam meses (até anos!) avaliando um original, para depois recusar sem maiores explicações, às vezes sem ao menos lerem o material. Na maioria das vezes nem mesmo respondem se sim ou se não. Simplesmente deixam o escritor se remoendo de angústia. Mas um erro não pode justificar outro muito pior. O mote de “tudo pela arte” não pode ser subvertido em uma servidão contratual consentida. É algo que não faz sentido, não deveria ser sequer cogitado por escritores aspirantes. E mesmo assim, o que vemos é a proliferação destas editoras golpistas e em sua maioria mal intencionadas, que lucram inescrupulosamente em cima do trabalho alheio. E um monte de pessoas que caem neste golpe voluntariamente.
Este é um tema espinhoso e polêmico (comentários são incentivados), que ainda vai render outros pôstes, mas este já ficou muito longo. Depois eu continuo. Mas gostaria de saber sua opinião a respeito.
20 novembro 2006
Bloniquei!
Se você chegou aqui por conta própria, é bom avisar: tem texto meu hoje lá no Blônicas. É, é crônica. Não, ainda não faço parte do time permanente do site. É, é diferente do que você está acostumado(a).
Agora, se você chegou aqui pelo linque no Blônicas, e quer conhecer um pouco mais deste rascunhador que vos escreve, fique à vontade. A casa é humilde mas é limpinha. Conheça os livros que já participei aí na barra do lado esquerdo. Conheça também meus outros blogues, o Psicopata Enrustido e o Antelóquios. Qualquer coisa, me xingue por emeio.
Porra, eu tô feliz!
Agora, se você chegou aqui pelo linque no Blônicas, e quer conhecer um pouco mais deste rascunhador que vos escreve, fique à vontade. A casa é humilde mas é limpinha. Conheça os livros que já participei aí na barra do lado esquerdo. Conheça também meus outros blogues, o Psicopata Enrustido e o Antelóquios. Qualquer coisa, me xingue por emeio.
Porra, eu tô feliz!
16 novembro 2006
A irmã de Zebedeu no Domingo no Parque
Pior que isto me lembrou da vez que fui ao programa Bozo e... bom, basta dizer que não ganhei o prêmio e tive que sentar ao lado de minha mãe (que estava morrendo de vergonha) na platéia.
Ah, que pena que o programa na época era gravado, não? Infelizmente minha participação ficou no chão da sala de edição. Um dia quem sabe não conto esta história?
Uma América Trans Genérica

Agora, quando somamos a este já rico gênero um tema polêmico, a experiência se torna ainda mais rica. E quando este tema é explorado sem paternalismos ou discursos dogmáticos, o produto final consegue o impressionante feito de não apenas ser um entretenimento de primeira, mas também instigar o espectador ao raciocínio, levantando questões que normalmente não nos preocuparíamos.
Assim é Transamerica (Idem, 2005), lançado recentemente em DVD para locação. Na história conhecemos Bree (Felicity Huffman, da supervalorizada série Desperate Housewives, completamente irreconhecível), que está a um passo de uma grande transformação em sua vida quando descobre que tem um filho de 17 anos no outro lado do país, e que ele precisa de sua ajuda. Apenas isso já seria o suficiente para gerar uma boa trama, mas há um complicador: Bree na verdade é Stanley, portador de disforia transexual. Ou seja, uma mulher que por acaso nasceu com o corpo de um homem. E a grande transformação é a aguardada cirurgia de mudança de sexo (onde, como ele(a) mesmo diz, o(a) transformará no que realmente é). Além disso, seu filho é um adolescente problemático, envolvido com drogas e prostituição.
Inicialmente reticente em encontrar o tal filho, Bree é finalmente convencida pela terapeuta a acertar o caso antes de se submeter à cirurgia. Isso a leva até Nova Iorque, onde é obrigada a confrontar-se com a dura realidade do garoto. Como não tem coragem de assumir a paternidade ao filho quando finalmente o encontra, o filme cria um núcleo cômico instigante, mesmo que trágico, que será explorado ao máximo durante a longa travessia de Nova Iorque até Los Angeles.

Optando por um tom leve, mas sem medo de cutucar feridas abertas da sociedade, o diretor e roteirista Duncan Tucker acerta a mão em seu filme de estréia. É um filme que agradará a todos que assistirem, independente de suas posturas ideológicas. Arrisco dizer que até mesmo a mais homofóbica das criaturas irá apreciar o tom de auto-descoberta da história, que não se limita a um tema polêmico (o transexualismo é visto de maneira quase natural, sem forçar a barra), diferente de filmes semelhantes, mas inferiores, como o engraçadinho Priscilla- A Rainha do Deserto e o pavoroso Para Wong Foo, Obrigado por tudo. Julie Newmar (que quase me fez arrancar os globos oculares depois de ver Wesley Snipes travestido).
Ao final do filme minha esposa me perguntou: "Você é capaz de escrever uma história assim tão inteligente?".
Eu espero sinceramente que um dia eu seja.
14 novembro 2006
Antropofagias
"O instinto venceu a razão: há um chacal adormecido em cada homem".
Charles Darwin, sobre os crimes da Rua do Arvoredo.

A história é baseada em uma peça da Brodway homônima, e tem tudo para ser mais um dos filmes com a "cara" de Tim Burton. Mas o que mais espanta não é a história em si, mas saber que a sinistra trama pode ter sido baseada em fatos reais, e, pasmem, ocorridos no Brasil. Mais especificamente entre 1863 e 64, na Rua do Arvoredo, em Porto Alegre.


Acho difícil que Tim Burton credite esta história em sua versão musicada para os cinemas, o que é uma pena. Duvido até mesmo que ele realmente saiba da suposta origem da história que está filmando. Mas fica aqui o registro, uma justiça histórica quixotesca de minha parte, nem que seja apenas para gerar comentários após a exibição do filme, num boteco, junto com cerveja e uma irônica porção de calabresa fatiada.
Saideira
Estava dando uma volta pelo blogue do Neil Gaiman quando vi por lá este video do genial Coral Reclamante de Helsinki. É longo, mas vale cada segundo.
Ah, as legendas são em inglês, então...
Agora vou dormir que amanhã é meu rodízio.
Ah, as legendas são em inglês, então...
Agora vou dormir que amanhã é meu rodízio.
Two for the road
[I] No pôste anterior mencionei os tais widgets que podiam ser adicionados à página inicial do Google. Então depois de fuçar um pouco descobri que era possível fazer o mesmo com este blogue mequetrefe. Então, caso você queira adicionar o Gardenal com Fanta Uva à sua página inicial do Google, apenas tem que clicar no botão aí embaixo. Fiz o mesmo com o Psicopata Enrustido e o Antelóquios. É só ir até lá e clicar sobre o mesmo botão, que está na barra lateral de ambos, embaixo do botão "I power Blogger".

[II] Acabei de finalizar o capítulo 26. Finalmente está fluindo! Já são 110 páginas A4.

[II] Acabei de finalizar o capítulo 26. Finalmente está fluindo! Já são 110 páginas A4.
13 novembro 2006
Desbloqueando a aleatoriedade
Não sei quantos de vocês conhecem a nova ferramenta do Google, que permite que você crie uma página personalizada com diversos widgets, alguns úteis (como visualizar as novas mensagens em sua conta no GMail ou os arquivos guardados no Google Notebook), outros nem tanto, mas mesmo assim divertidos (Citações, notícias, RSS Feed de blogues...), e outros completamente inúteis (Joguinhos toscos, ferramentas que não servem pra nada, enchedores de lingüiça, etc), mas que também podem ser muitos divertidos.
Entre estes últimos tem um que é muito legal (mesmo sendo completamente imbecil). É um "desbloqueador" de escritores. Ele cria uma seqüência de frases aleatórias que, em tese, podem inspirar um escritor a escrever algo. É mais ou menos um navio pirata para um náufrago.
Hoje de manhã me deparei com o seguinte na tal ferramenta:

Tradução:
Uma esposa comete adultério
Com uma garrafa de uísque vagabundo (!!).
Além da janela a cena é bucólica;
o telefone toca,
enquanto abutres bicam os restos (de algum cadáver?).
Não sei até que ponto esta seqüência de frases embaralhadas podem inspirar alguém a escrever algo além de um pôste num blogue, mas que é algo muito divertido imaginar um marido sendo traído com uma garrafa de uísque vagabundo, isso é. Freud daria piruetas de alegria. Dançou na boquinha da garrafa.
O ponto que quero explorar é a questão que já comentei aqui da mistificação da criação literária. A grande maioria acha que é preciso apenas um retalho de idéia para que o "iluminado" escritor saia por aí criando obras-primas e divisores de águas da literatura ocidental (quiçá mundial, olha aí!).
O verdadeiro escritor sabe que não é bem assim, não é? É claro, grande parte da criação se baseia em um farrapo de idéia que com muito trabalho e pesquisa cresce e se torna algo coeso, mas até aí automatizar o processo simplesmente embaralhando frases ao acaso é forçar bastante a barra. É nivelar a criação por baixo.
Mas que é divertido, isso é.
Entre estes últimos tem um que é muito legal (mesmo sendo completamente imbecil). É um "desbloqueador" de escritores. Ele cria uma seqüência de frases aleatórias que, em tese, podem inspirar um escritor a escrever algo. É mais ou menos um navio pirata para um náufrago.
Hoje de manhã me deparei com o seguinte na tal ferramenta:

Tradução:
Uma esposa comete adultério
Com uma garrafa de uísque vagabundo (!!).
Além da janela a cena é bucólica;
o telefone toca,
enquanto abutres bicam os restos (de algum cadáver?).
Não sei até que ponto esta seqüência de frases embaralhadas podem inspirar alguém a escrever algo além de um pôste num blogue, mas que é algo muito divertido imaginar um marido sendo traído com uma garrafa de uísque vagabundo, isso é. Freud daria piruetas de alegria. Dançou na boquinha da garrafa.
O ponto que quero explorar é a questão que já comentei aqui da mistificação da criação literária. A grande maioria acha que é preciso apenas um retalho de idéia para que o "iluminado" escritor saia por aí criando obras-primas e divisores de águas da literatura ocidental (quiçá mundial, olha aí!).
O verdadeiro escritor sabe que não é bem assim, não é? É claro, grande parte da criação se baseia em um farrapo de idéia que com muito trabalho e pesquisa cresce e se torna algo coeso, mas até aí automatizar o processo simplesmente embaralhando frases ao acaso é forçar bastante a barra. É nivelar a criação por baixo.
Mas que é divertido, isso é.
11 novembro 2006
10 novembro 2006
Sobre Escrever (Parte 4)
O Sérgio Rodrigues, do blogue Todoprosa, está em meio a uma polêmica em seu espaço para comentários. Dois leitores estão argumentado sobre o mercado editorial, avaliando o papel dos famigerados best-sellers frente à literatura. Seriam apenas produtos descartáveis de consumo para as massas ou eles realmente agregam algo à arte literária?
Sérgio deixa bem clara sua posição: os best-sellers ajudam sim a literatura como um todo pois a viabiliza financeiramente. Diz ele que um sucesso editorial financia outros seis autores mais obscuros. É um ponto de vista válido (e, temo, real). Mas acho que este é um ponto de vista baseado apenas em alguns poucos exemplos (como o daquele código, que já virou exemplo para tudo, ou daquele mago que viaja de trem pela Sibéria).
Há uma tendência entre nós, autores, de menosprezar o leitor médio. Dizemos que, se uma obra vem numa linguagem mais simples, mais acessível aos "não iniciados", ela é popular, é lixo radioativo em forma de livro. Pois uma coisa eu digo batendo as mãos no peito: leitores não são burros.
É muito fácil um escritor culpar o leitor por sua incapacidade de vendas. É uma saída covarde, pois se o leitor médio não comprou, às vezes não é porque não entendeu, mas porque simplesmente não gostou do texto, ou da abordagem utilizada, ou da maneira que a história foi contada, etc. Leitores não são o gado que a maioria dos escritores gostaria que fossem. Eles tem, sim, espírito crítico. E dos mais implacáveis. Eles percebem quando são enganados, quando tentam enrolá-los com frases empoladas e pseudo-lirismo enchedor de lingüiça.
A questão da simplicidade narrativa é um paradigma que todo escritor acaba sendo tragado quando realmente adentra neste meio. Deixamos de lado as obras essenciais que nos arrastaram para este ofício (a maioria, confessa!, constituída de best-sellers) e começamos a ler os tais "malditos". Fazemos experimentos narrativos, usamos e abusamos de metáforas exageradas e obscuras e de vocabulários desnecessariamente burlescos, tentamos de qualquer maneira fugir do tão famigerado lugar-comum. E passamos a achar que a linguagem coloquial é algo pernicioso, ruim, pobre. Neste momento esquecemos do principal: que em momento algum a forma deve se sobrepor ao conteúdo.
Somos escritores para contar histórias, e para contá-las da maneira mais interessante possível. À medida que nossas histórias vão ganhando em complexidade narrativa, afunilamos seu alcance. Não por culpa do leitor médio, mas por nossa egolatria. Esquecemos que o importante é que o leitor se divirta lendo aquele texto. E quem, excetuando-se claro críticos literários e estudantes de letras, gosta de ler um texto que precisa ser analisado, destrinchado e esmiuçado até sua massa primordial para que possa ser finalmente compreendido? O leitor médio quer ler uma só vez e entender de primeira. Claro, há espaço para releituras e análises mais profundas, mas se ele precisar de uma picareta para quebrar a concha de hermetismo de um romance, logo o tachará de ruim. Mesmo que a crítica especializada fale maravilhas.
Claro que com isso não tento limitar a criatividade de ninguém. A forma é importante, e deve sim ser levada muito em conta. Mas, como eu disse, ela não pode ser mais importante do que a história em si. Senão vira, com o perdão da expressão, apenas uma penteadeira de puta, uma masturbação em um banheiro público.
Da mesma maneira não jogo na mesma bacia todos os best-sellers. Alguns deles conseguem alcançar o que a maioria dos escritores sempre buscou: originalidade narrativa e sucesso editorial. Mas é um resultado difícil de se alcançar, especialmente porque a fórmula possui tantas variáveis que aposto que nem o Oswald de Souza conseguiria tirar um denominador comum. É o grande desafio que os editores encaram todos os dias: este original que tenho em mãos será um sucesso de público e crítica? E a maior pergunta de todas: Dará dinheiro?
Pois até o mundo literário não pode viver só de letras (ah, a utopia primordial!). E é graças aos tais best-sellers, como professa Sérgio Rodrigues, que escritores como eu ainda tem esperança de ver um livro só seu publicado.
P.S.: Terminei ontem o capítulo 25 do meu terceiro futuro best-seller. Ainda faltam 15. Não precisa agradecer.
Sérgio deixa bem clara sua posição: os best-sellers ajudam sim a literatura como um todo pois a viabiliza financeiramente. Diz ele que um sucesso editorial financia outros seis autores mais obscuros. É um ponto de vista válido (e, temo, real). Mas acho que este é um ponto de vista baseado apenas em alguns poucos exemplos (como o daquele código, que já virou exemplo para tudo, ou daquele mago que viaja de trem pela Sibéria).
Há uma tendência entre nós, autores, de menosprezar o leitor médio. Dizemos que, se uma obra vem numa linguagem mais simples, mais acessível aos "não iniciados", ela é popular, é lixo radioativo em forma de livro. Pois uma coisa eu digo batendo as mãos no peito: leitores não são burros.
É muito fácil um escritor culpar o leitor por sua incapacidade de vendas. É uma saída covarde, pois se o leitor médio não comprou, às vezes não é porque não entendeu, mas porque simplesmente não gostou do texto, ou da abordagem utilizada, ou da maneira que a história foi contada, etc. Leitores não são o gado que a maioria dos escritores gostaria que fossem. Eles tem, sim, espírito crítico. E dos mais implacáveis. Eles percebem quando são enganados, quando tentam enrolá-los com frases empoladas e pseudo-lirismo enchedor de lingüiça.
A questão da simplicidade narrativa é um paradigma que todo escritor acaba sendo tragado quando realmente adentra neste meio. Deixamos de lado as obras essenciais que nos arrastaram para este ofício (a maioria, confessa!, constituída de best-sellers) e começamos a ler os tais "malditos". Fazemos experimentos narrativos, usamos e abusamos de metáforas exageradas e obscuras e de vocabulários desnecessariamente burlescos, tentamos de qualquer maneira fugir do tão famigerado lugar-comum. E passamos a achar que a linguagem coloquial é algo pernicioso, ruim, pobre. Neste momento esquecemos do principal: que em momento algum a forma deve se sobrepor ao conteúdo.
Somos escritores para contar histórias, e para contá-las da maneira mais interessante possível. À medida que nossas histórias vão ganhando em complexidade narrativa, afunilamos seu alcance. Não por culpa do leitor médio, mas por nossa egolatria. Esquecemos que o importante é que o leitor se divirta lendo aquele texto. E quem, excetuando-se claro críticos literários e estudantes de letras, gosta de ler um texto que precisa ser analisado, destrinchado e esmiuçado até sua massa primordial para que possa ser finalmente compreendido? O leitor médio quer ler uma só vez e entender de primeira. Claro, há espaço para releituras e análises mais profundas, mas se ele precisar de uma picareta para quebrar a concha de hermetismo de um romance, logo o tachará de ruim. Mesmo que a crítica especializada fale maravilhas.
Claro que com isso não tento limitar a criatividade de ninguém. A forma é importante, e deve sim ser levada muito em conta. Mas, como eu disse, ela não pode ser mais importante do que a história em si. Senão vira, com o perdão da expressão, apenas uma penteadeira de puta, uma masturbação em um banheiro público.
Da mesma maneira não jogo na mesma bacia todos os best-sellers. Alguns deles conseguem alcançar o que a maioria dos escritores sempre buscou: originalidade narrativa e sucesso editorial. Mas é um resultado difícil de se alcançar, especialmente porque a fórmula possui tantas variáveis que aposto que nem o Oswald de Souza conseguiria tirar um denominador comum. É o grande desafio que os editores encaram todos os dias: este original que tenho em mãos será um sucesso de público e crítica? E a maior pergunta de todas: Dará dinheiro?
Pois até o mundo literário não pode viver só de letras (ah, a utopia primordial!). E é graças aos tais best-sellers, como professa Sérgio Rodrigues, que escritores como eu ainda tem esperança de ver um livro só seu publicado.
P.S.: Terminei ontem o capítulo 25 do meu terceiro futuro best-seller. Ainda faltam 15. Não precisa agradecer.
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