16 outubro 2006
Sobre escrever (parte 1)
Assim que eu comecei a realmente me dedicar ao ofício da escrita como algo mais sério que um mero passatempo (há aproximadamente 3 anos), logo descobri algo que para mim foi uma revelação surpreendente: Há MUITOS escritores inéditos no Brasil. Mas muitos mesmo! Talvez até mais do que leitores.
Meu primeiro contato com estes escritores foi em listas de discussão via emeio (principalmente no Yahoo! Grupos). Munido com meu primeiro original já quase concluído, entrei em pelo menos meia dúzia destas listas, voltadas para a literatura fantástica e de terror (na época o gênero que adotei), em busca de leitores críticos e de me integrar a essa "comunidade", pois confesso que eu era o único escritor que eu conhecia pessoalmente.
Este primeiro contato foi extremamente válido por diversas razões. A primeira, e sem sombra de dúvida a mais importante, foi ter conhecido as pessoas que alguns meses mais tarde formariam junto comigo o NecroZine. Foi este realmente o primeiro passo para que meu passatempo se tornasse algo mais sério, profissional e com alguma perpectiva. Os primeiros frutos desta união estão aí, nas livrarias, o que demonstra que foi um caminho acertado.
Mas uma outra razão que tornou a experiência nestas listas válido foi ver que grande parte dos "escritores" inéditos que populam a internete ainda navegam em um mar de amadorismo e egolatria que, é triste constatar, não tem porto seguro ou objetivo definido. Realmente são poucos os que realmente levam o ofício de escrever a sério, que realmente se preocupam com todos os meandros e detalhes que a atividade pressupõe. Como já disseram por aí, escrever não é fácil. Se alguém lhe disser isso, não é um bom escritor. A fórmula "10% de inspiração, 90% transpiração" é tristemente verdadeira.
É por esta razão que eu pergunto: por que alguém em sã consciência opta por adentrar esta carreira tão trabalhosa e tão pouco recompensadora (em termos financeiros, que fique bem claro)? Quais os motivos que fazem que uma pessoa se sente na frente de um computador e "perca seu tempo" em uma história que em raríssimos casos será lida por mais de meia dúzia de pessoas, quiçá virar um livro?
Já me perguntaram isso. "Por que você escreve?". Minha resposta padrão é um chavão maldito: "Para não ficar louco!".
Claro, isso é uma bobagem escrita apenas para arrancar risadas do leitor. Não tenho vocação para maluco (apesar do que dizem por aí!), e com certeza não ficaria se não escrevesse.
Então por que eu escrevo?
Eu bem que queria saber.
Hoje ainda há listas de emeio ativas, mas o grande oásis dos autores inéditos famintos por atenção e adulação é o famigerado Orkut. Há diversas comunidades sobre o assunto, a maioria passando bem longe de assuntos realmente interessantes e importantes para engrandecer uma carreira literária, se limitando a ser um repositório de poesias e textos extremamente mal escritos lançados por "escritores" urgentes por elogios que saciem sua fome egomaníaca (não é raro o patético complemento "Comentem!" ao lado do título do texto). Ou seja, plus ce change, plus ce meme chose...
Acho que é a hora de pensarmos não tanto no COMO, mas mais no POR QUÊ escrevemos. E aqueles que encontrarem a resposta (sei que vocês estão aí!) com certeza se sobressairão neste mar de "escritores" medíocres que permeiam a infernete.
Eu volto a esse assunto.
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