23 fevereiro 2007

Confetes e serpentinas pisoteados pelo salão


  • Sei que prometi que voltava ontem, mas calma. Muita calma. Alguns gongos em minha cabeça ainda não pararam de reverberar.
  • Não, não é a tão aguardada punição divina pela diversão exacerbada, vulgo 'ressaqueira'. Antes fosse, meus camaradas, antes fosse...
  • O carnaval foi um lixo.
  • Tá, sei que nunca fui grande fã da data, mas normalmente dá para salvar o feriadão com um programa alternativo, algo obscuro, misterioso, daqueles que você conta na mesa de bar e as pessoas ouvem num misto de incredulidade e inveja mal disfarçada.
  • Só que neste caso a inveja vai ficar pro ano que vem.
  • Prometo que conto como foi no próximo INEUS.
  • Que, aliás, não rolou esta semana, infelizmente.
  • Mas o feriado não foi uma perda total.
  • Fui assistir ao ótimo Borat.
  • (que algum energúmeno estragou o subtítulo "traduzido" inserindo uma piada cretina que não é citada em momento algum da comédia)
  • Recomendo.
  • Vá preparado para judiar da poltrona do cinema enquanto rola de rir.
  • Fora isso, mais nada.
  • Foi um feriado chato pra burro.
  • Pelo menos para mim.
  • Agora fico aqui, misturado entre os confetes e serpentinas largados no salão.
  • Esperando a vassourada final.
  • Olha ela aí!
  • ...

16 fevereiro 2007

Arrefecendo os tamborins!

Na boa, quero que o Carnaval se lasque!

Quanto mais longe eu conseguir ficar de Desfile de Escolas de Samba, Blocos de Rua, Bailes, Lecy Brandão, confetes, serpentinas, sarongues e o escambau, melhor.

Desaparecerei durante o feriado.

Destino: desconhecido.

Volto na quinta.

Ou não.

Ah, enquanto isso, leiam o texto novo do blogue do Psicopata Enrustido.

Nada a ver com carnaval.

Mas e daí?

Eu também não tenho.

Abraços a todos e até quinta!

13 fevereiro 2007

Nova Mídia?

Daniel Galera, em seu novo blogue Jogatina vive se referindo aos jogos modernos de videogame como uma "nova mídia" a ser levada em conta na hora de narrarmos uma história interessante. É uma perpectiva tentadora, especialmente para mim, viciado em games e em boas histórias, sejam elas contadas em qualquer mídia (livros, cinema, rádio, televisão, quadrinhos, bulas de remédio...). Confesso que muitas vezes me supreendi com o enredo de certos jogos, pensando na razão destes mesmos jogos não migrarem para veículos menos interativos.

Claro, todos nós nos decepcionamos quando vimos essa migração finalmente ocorrer (citando alguns de cabeça: Resident Evil, Alone in the Dark, Bloodrayne, Doom...), em grande parte por culpa de roteiristas pouco familiarizados com os jogos adaptados e diretores incompetentes (alguém casse a licença do tal Uwe Boll antes que ele acabe com um de meus jogos favoritos, Postal!). Mas, se analisarmos friamente, o problema das adaptações de games para os cinemas cai no mesmo problema da adaptação de livros: são mídias completamente diferentes. Não há como comparar.

Um filme tem uma duração média de 2 horas. Um game com história (RPGs, adventures, essas coisas) pode levar de 12 a 200 horas para ser finalizado. Não tem como condensar tudo isso em uma trama simplificada sem sacrificar alguma coisa. E neste sacrifício invariavelmente algo valioso se perde, e a obra fica aquela coisa sem gosto que testemunhamos. Para cada Senhor dos Anéis que encontramos somos obrigados a engolir mais de uma dúzia de bobagens inassistíveis.

E qual seria o caminho do meio?

Uma grata surpresa foi quando botei as mãos no inovador jogo da Atari para PC e PS2, Indigo Prophecy (ou Fahrenheit, na Europa). Ele é um game, sim, mas não é um game apenas. É quase um filme interativo. Diálogos bem trabalhados, cenas bem definidas, edição vanguardista, trilha sonora incidental, uma trama bem amarrada... Tudo isso com a vantagem de que o jogador tem a capacidade de participar da trama, auxiliando os personagens (sim, você comanda mais de um) a superar os obstáculos, tomar decisões que influenciarão o desenrolar da história, essas coisas.

Na trama acompanhamos o destino de Lucas Kane, um cara comum que certa noite surta e mata uma pessoa no banheiro de uma lanchonete. Sem entender o que o levou a cometer tal ato, Lucas precisa investigar os fatos que culminaram naquele momento trágico e inexplicável de sua vida. Ao mesmo tempo acompanhamos os detetives Carla Valenti e Tyler na investigação do crime.

O foco narrativo (sim, tem isso!) varia constantemente entre estes personagens principais, gerando uma imensa contradição na mente do jogador. Ao mesmo tempo em que tentamos ajudar Lucas a desvendar seu mistério e fugir da polícia, ajudamos a polícia a perseguí-lo. Esta contradição é tão bem entremeada à narrativa que nos pegamos várias vezes torcendo por lados opostos na história. E, surpreendentemente, funciona muito bem!

Os desafios do jogo variam dos óbvios esforços físicos (desviar de carros, lutar contra policiais, se equilibrar em muretas, etc) até os mais inteligentes, como saber quais perguntas fazer a um suspeito antes que o tempo se esgote ou resolver enigmas imaginativos. E mesmo a história seguindo uma trama central bem definida é interessante ver que cada decisão tomada no seu desenrolar influencia os fatos a seguir.

Claro, o game tem diversas falhas. Os gráficos são meio antiquados, mesmo com uma placa de video mais parruda; a jogabilidade, apesar de bastante inovadora, ainda é muito engessada em certos pontos, obrigando o usuário de PC a adquirir um joypad de PS2 para conseguir jogar a contento; os movimentos de câmera são confusos e chegam a atrapalhar em alguns momentos, essas coisas. Mas o importante é que o jogo deu uma boa sacudida no gênero, demonstrando que há sim uma nova mídia por aí. E que o futuro pode estar nesta brecha ainda pouco explorada.

Vale a pena prestar atenção à esta evolução.

12 fevereiro 2007

ACHEI!


Tá, ninguém sabia o que eu estava procurando, mas e daí? O importante é que eu achei!

Contradizendo o que eu mesmo escrevi, encontrei minha inspiração da maneira mais absurda possível: logo depois de assistir ao nhem-nhem-nhem do Rocky Balboa. Poisé, nem eu acreditei. Voltei para casa, lembrei que precisava ir na farmácia (às 3 da manhã) e durante o trajeto (ouvindo música no último volume) pimba!, surgiu a idéia que eu precisava para começar o meu roteiro.

Agora é mãos à obra! O pessoal que vai realizar a peça precisa do roteiro o quanto antes, pois os planos são de encená-la até o final do ano. E ninguém gosta de um escritor prima donna que atrasa tudo atrás de inspiração.

Relaxem então, pessoal. A parte mais complicada já saiu. Ainda tenho trabalho duro pela frente, mas muito mais fácil de resolver.

Ah, também ajudou muito a releitura da crônica da Lucimara Paiva ("desVIrtuaDA") que faz parte do livro Soltando o Verbo (2006, Ed. Nova Esfera). Livro este que virou um blogue muito interessante e que este escrevinhador de merda meio que patrocina (eu adaptei o templeite...).

Valeu, Lu! A próxima rodada é por minha conta!

09 fevereiro 2007

A melhor do dia...

... vai com louvores para Mr. Mason, do blogue Cocadaboa, pelo cruel (e hilário) título de seu último post, que referencia a notícia da morte da modelo-playmate-comedora-de-velinhos-milionários Anna Nicole Smith:
Hoje é dia de festa no IML!
O pôste em si nem foi tão engraçado, mas o título é antológico.

Mitomanias Piauienses

A excelente Revista Piauí lançou um concurso literário bem condizente com a estratégia de inovação da publicação. Todo mês será proposta uma frase sem pé nem cabeça que os candidatos deverão encaixar em qualquer parte de seu texto. O melhor do mês será publicado na revista.

A frase deste mês é: "Mas Alice, eu já disse que não sou mitômano!"

(Não sabe o que é mitômano, limítrofe? Procura no dicionário, ô pá!)

Claro que eu não poderia deixar de participar de um desafio destes. Caso esteja interessado em ler o meu texto concorrente, clique aqui em cima e em seguida role a tela para baixo. Não tem linque direto, desculpe, e talvez seja necessário mais de um clique para encontrá-lo. Mas ele está lá. É só procurar.

Quem quiser participar também, boa sorte!

Quem não quiser, por favor ao menos torça por mim!

07 fevereiro 2007

A via sacra da inspiração

Não tem jeito: todo escritor que se digne a ser chamado assim um dia reclamará da falta de inspiração. É algo natural, típico dos seres humanos. Um dia estamos inspirados, fazemos de tudo e ainda sorrimos. No outro não estamos para nada, queremos mais que o dia termine logo. É normal, é humano, é tudo isso.

Mas escritores não podem depender de inspiração.

Claro que a frase aí em cima pode ser considerada uma contradição até mesmo ofensiva para uma classe que, por bem ou por mal, é considerada artística. Claro que não estou falando de jornalistas ou escritores de livros técnicos, mas de nós, ficcionistas. Pessoas que lidam com histórias de outros, que contam mentiras deslavadas com o único propósito de entreter (já discuti sobre a relevância da produção literária em outra ocasião, mas agora não interessa). Como então criar (me perdoem os puristas) Arte sem inspiração?

Não é fácil, sou obrigado a concordar. Um texto ficcional normalmente surge de uma fagulha ínfima. É aquela coisa que te pega quando você menos espera (e justo quando você não tem um bloco e uma caneta à mão!). Esta fagulha, claro, é a inspiração. É o ponto de partida para um texto. Infelizmente não temos como controlar a inspiração. É algo que simplesmente... acontece!

Será mesmo?

Como já disse no pôste anterior estou atolado de projetos literários. Alguns são relativamente simples, outros completamente inexplorados. Mas todos tem um prazo. E pessoas envolvidas no resultado. Estarão elas dispostas a aguardar que me surja a inspiração necessária para cumprir a tarefa? Ou mesmo aceitar qualquer porcaria que eu decidir escrever apenas para honrar minha promessa? É claro que não!

Um artista normalmente é alguém arredio. Até mesmo os mais prolíficos. É alguém que se revolta com a pressão dos prazos. Acha que por conta disso está pasteurizando sua obra, está se tornando banal, descartável. É um risco real. Mas não vem realmente ao caso pensar nisso. Não ainda. A hora é de criar. Depois retiramos as arestas.

A inspiração pode sim ser invocada. Não, não vou falar de rituais xamânicos ou sugerir a visita a terreiros de umbanda, apesar de que se isso ajudar não há contra indicações. Como ateu convicto prefiro depender apenas de mim mesmo.

Invocar a inspiração é quase um exercício de meditação, mas ao invés do Nirvana (o estado de espírito, não a banda) você está buscando o tema de seu próximo texto. Separe um pouco de seu tempo para isso. Concentre-se. Faça um brainstorm solitário. O ideal é se livrar das influências externas (música, televisão, internet, telefone, etc). Tá, uma musiquinha pode até ajudar alguns. Fica de seu gosto pessoal. O importante é focalizar a mente em seu objetivo. Esqueça contas atrasadas, problemas de família, discussões com o chefe, tudo. Isso já está em seu subconsciente, vai entrar no texto se for necessário sem que você precise pensar a respeito. Relaxe. E tenha um bloco e uma caneta à mão.

Relaxou? Então agora faça a si mesmo a seguinte pergunta: O que eu quero escrever? Parece óbvio, mas é fácil para um escritor perder seu objetivo em nome de uma produção constante. Retome isso neste momento de reflexão. Responda a si mesmo de forma clara e objetiva. Abrace o mundo com uma frase concisa. Sintetize seus sentimentos com relação a sua carreira literária. Destile suas idéias. Já fez? Agora pergunte a si mesmo: Como faço para alcançar este objetivo? Este é o momento mais complicado. Não esmoreça agora. Não pense na história. Não ainda. Pense no 'como', não no 'o que'. Se você conseguir descobrir a resposta para esta questão os personagens e a trama se desfiarão quase naturalmente. Pode experimentar.

Eu costumo fazar este exercício no carro. Desligo o rádio e aproveito a morosidade do trânsito para libertar minha criatividade. Gero e descarto idéias a esmo. Anoto frases, trechos de pensamento, essas coisas. Raramente leio o que escrevo no bloquinho. É apenas um catalizador do pensamento, uma maneira de registrar algo fulgaz, etéreo. Quando a inspiração chegar (e sempre chega, pode crer) é importante escrever ao menos o primeiro tratamento do texto logo em seguida. Chegue em casa e vá para o computador. Escreva o que está fervilhando na sua mente. Não deixe a idéia morrer. Aproveite o impulso e despeje tudo de uma vez. Depois, com calma, pegue o texto bruto e lapide-o aos poucos. Você vai ver como a coisa anda.

Se essas dicas não funcionarem, bem, sempre há a alternativa de um bom porre num bar cheio de amigos.

Se este for o seu caso, não se esqueça que hoje à partir das 18:30hs teremos mais um INEUS lá no Villa Amadeu (R. 13 de maio, 1802, do lado do Shopping Paulista). Venha tomar conosco uma caipirinha de salsinha, resultado da soma de um acidente com uma inspiração alucinada na última edição.

Como podem perceber, imperdível.

(Este texto foi escrito graças à seguinte linha de raciocínio: O que eu quero escrever? Um convite para o INEUS. Como faço para alcançar este objetivo? Um texto meio metalingüístico, meio tutorial de auto-ajuda. Saiu isso aí que você acabou de ler.)

05 fevereiro 2007

Eu, meu snowboard e a avalanche logo atrás

Não, eu nunca pratiquei snowboard. Sequer vi neve (geada conta?). O título é uma metáfora ruim, só isso.

Vou falar uma coisa para vocês: que começo de ano! São tantos projetos aparecendo que duvido que eu consiga honrá-los como deveria. Listando:

As novidades:
  • Escrever um conto para o próximo livro (surpresa...);
  • Finalizar o conto para o próximo zine (não acharam que morreu, acharam?);
  • Elaborar o conto para o próximo blogue (sim, mais um!);
  • Finalizar de uma vez por todas o último romance (é o terceiro!);
  • Começar a escrever o próximo romance (que já está escorrendo para fora de minhas orelhas);
  • Escrever um roteiro que me encomendaram (é sério!);
  • Estudar como fazer roteiros de teatro, já que nunca escrevi um (pois é...);
  • Tentar manter um resquício de sanidade no processo (apenas o suficiente para evitar uma internação);
Enquanto isso não posso esquecer os compromissos já assumidos:
  • Escrever aqui com a maior freqüência possível;
  • Ajudar os amigos com os templeites de seus blogues;
  • Comparecer toda quarta feira no INEUS*.
E, além de tudo isso, por incrível que pareça, preciso trabalhar 8hs por dia num escritório.

Sei que é cliché, mas a verdade é que cansei de ser pobre.


* INEUS Não É Um Sarau

02 fevereiro 2007