24 março 2008

Mini-conto #2: Rebeldia

Era tão rebelde, mas tão rebelde que decidiu virar machista.

Mini-conto #1: Frustração

Tinha uma vida tão desinteressante que todos estranharam sua reação quando soube que heradara uma fortuna:

- Merda! Acabou o sossego.

11 março 2008

Água Fria

Eu sei, eu sei...

Para um blogue criado para ser voltado à literatura e tudo o mais, nas últimas semanas (ou meses, vá lá!) apenas tenho colocado gracinhas e bobagens como trocentos outros blogues por aí. Qual é a puta da diferença entre este espaço e a tonelada de disseminadores de humor rasteiro que a gente tanto gosta ler, já que não precisa pensar?

Pois é.

Nenhuma.

O lance é que simplesmente não estou escrevendo. Simples assim. Passo os dias arrumando desculpas divertidas, perdendo neurônios e idéias nos ralos de bar. Uma fuga não hedonística, mas quase dionísica. E não escrevo.

Ando lendo bastante, isso é verdade. Não tanto quanto na época que eu trabalhava na locadora de livros de minha mãe, mas com uma freqüência impensável há um ano. Quem me conhece sabe que faz este tempo que certas mudanças drásticas aconteceram em minha vida. Eu poderia usar isso como desculpa, mas não seria verdade. Não totalmente. Tanto que cheguei a terminar um livro nos meses subseqüentes. Poderia também culpar o novo estilo de vida que escolhi (não, mãe, não virei gay, fica sossegada), mas isso seria completamente injusto. Poderia passar a noite inteira aqui caçando culpados.

Mas culpados de quê?

Certa vez li (não lembro onde) que o escritor entra em bloqueio quando não sabe como continuar a história, porque não fez a lição de casa completa. Não sabe. Simples assim. Bom, ia contra-argumentar contra essa teoria, mas é bobagem. Ela está certa. Isso realmente acontece. Mas temo que não neste caso.

Posso divagar?

A literatura nasce de nosso egocentrismo. De escrever nosso nome no Mármore Eterno da História. Quando o primeiro grande egocêntrico descobriu que se ele escrevesse suas aventuras elas durariam muito mais do que se apenas as contasse, percebeu imediatamente que também igualaria uma caracterítica inerente dos deuses: a imortalidade!

(Trompetes estridentes!)

Bom, ao menos o mais próximo da imortalidade que se pode chegar...

(Oboé decrescendo)

É verdade. Todos que tentam fazer qualquer coisa excepcional tem esse desejo. Não apenas na literatura, mas em toda e qualquer expressão dita "artística". Sério. Foda-se dinheiro, fama, poder. O que realmente queremos é que nosso nome e nossa história continue após nossa morte (se bem que acho que ninguém se importaria com o resto enquanto a hora não chega, não é?).

Mas hoje vemos cada vez mais pessoas tendo acesso a este tipo de sonho.

(Sim, é hora de reminiscências amargas de um escritor azedo. Lide com isso. Engole o choro!)

Cada vez mais pessoas decobrem que é possível completar o Trinômio Essencial da Vida (você sabe: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro...). E pior, de uma maneira acessível. Tirando as conseqüências explosiva na taxa de natalidade do caminho, além de, claro, evitar de tentar manter uma relação coerente à recente explosão ecológica e a tal "reposição de carbono" (tá, eu volto), o lance é simples: TODO MUNDO SE ACHA ESCRITOR.

Não estou realmente reclamando. Ei, eu sou um deles, dos pobres iludidos incapazes de compor uma música ou pintar um quadro ou mesmo esculpir uma bola com massa de modelar que de repente perceberam que há uma maneira de se expressar artisticamente acessível.

A explosão de blogues contribuiu, é claro. Agora não podemos apenas escrever. Podemos realmente SER LIDOS fora de nosso círculo familiar e de amigos. Isso é importante. Isso é uma revolução!

(Ximbau explode)

Mas é uma revolução bem chata.

(Bumbo!)

E é por essa chatice que andei bodeando de escrever. Sei lá, mas gosto demais da literatura para ficar vendo-a ser massacrada por uma enchurrada de Caçadores de Imortalidade Fácil. Mesmo correndo o risco de ser repetitivo: Fácil é o meu cacete!

Alguns pôstes atrás eu disse que para escrever um escritor põe a bunda na cadeira e ESCREVE. Simples assim, certo?

Claro que não, pô! Não estava lendo o que escrevi até agora? Se precisar ler de novo sinta-se à vontade. Eu espero.

Pronto?

Não digo isso levando em conta técnicas, estilos, gramática, essas coisas. Claro, pois esse conhecimento é essencial, por mais que os "novos autores" não aceitem. Mas não é só por isso. Não mesmo.

Cada vez que alguém senta a bunda na cadeira e começa a escrever, deve escrever como se aquela obra fosse mudar a história do mundo, a maneira de pensar de uma pessoa ou de uma sociedade. Deve almejar sempre que seja uma obra-prima. Não se contentar com a mediocridade. Não ser mesquinho com sua criatividade. Sair do rasteiro, do descartável. Entrar realmente na tal imortalidade que nosso ego tanto deseja.

E acho que é por isso realmente que não estou escrevendo.

Não encontro minha obra prima. Não encontro uma história que eu queira não só contar, mas moldar, criar, desenvolver, analisar, me surpreender. Ultimamente tenho vivido mais do que narrado. É bom. Não me arrependo, mesmo sentindo uma falta monstruosa de escrever, de passar horas na frente de um computador queimando a retina numa história que flua de maneira deliciosa e que, com sorte, será admirada. Não me arrependo realmente. Mas sinto uma falta danada.

Aos meus leitores (eu sei que vocês estão aí) um alento: meus próximos dois livros já estão prontos. Espero vê-los em breve publicados para que vocês os leiam. Além do mais andei participando de algumas coleções que em breve estarão estourando nas livrarias. Pode deixar que aviso aqui (e, quem sabe, acolá). Desse modo tenho alguma folga para continuar em busca de minha obra-prima.

Aos que vieram aqui atrás de qualquer outra coisa e se decepcionaram: bom, dane-se.

Ah, fim da divagação.

Vou dormir.

Da série "Idéias que eu gostaria de ter tido"

23 janeiro 2008

Go Postal!

Tá certo, Uwe Boll não é sinônimo de cinema de qualidade. E nunca será. São dele abominações como Alone in the Dark (que afundou de vez a carreira de Christian Slater) e BloodRayne. O cara é ruim e ponto final. Por isso fiquei arrepiado quando fiquei sabendo que seria dele a responsabilidade de adaptar pra telona um de meus jogos preferidos de todos os tempos, Postal.

Pra quem não conhece, este é o jogo mais politicamente incorreto da história. Mais que qualquer GTA ou Manhunt. Muito mais. Não tem experiência igual a atirar com uma escopeta que usa um gato como silenciador. Ou correr na rua com as calças arriadas atrás de mulheres gostosas. Ou arremessar cabeças decapitadas no meio de manifestações anti-violência nos games. Ou... Ah, você já entendeu.

Por isso temi tanto que ele estragasse uma idéia tão boa com um filme ruim. Ainda temo (já que não vi o filme, né?). Mas graças às maravilhas do YouTube (chupa, Cicarelli!) descobri a cena inicial do filme e me tranquilizei um pouco (além de ter me mijado de rir). Assista e veja do que estou falando:



Agora já era. Quero ver e pronto.

Sim, eu consigo ser uma besta superficial de vez em quando.

Me deixa!

15 janeiro 2008

Factotum



Trecho final do filme "Factotum", com Matt Dillon no papel de Henry Chinaski, declamando um dos poemas mais legais de Charles Bukowski. Assisti esse filme a primeira vez em uma sessão única numa quarta feira a tarde, junto de apenas duas velhinhas. Uma delas me abraçou ao final, soltando a maravilhosa frase: "Bukowski é foda, não é, meu filho?"

Tradução do poema:

Se vai tentar,
vá até o fim.
Senão, nem comece.

Isso pode significar perder namoradas
esposas, família, trabalho... e talvez a cabeça.

Pode significar ficar sem comer por dias,
Pode significar congelar em um parque,
Pode significar cadeia,
Pode significar desilusão, escárnio, isolamento...

Isolamento é o presente
O resto é uma prova de sua paciência,
do quanto realmente quis fazer

E fará, apesar do menosprezo
E será melhor que qualquer coisa que possa imaginar.

Se vai tentar, vá até o fim.
Não há outro sentimento como este
Você ficará sozinho com os Deuses
E as noites serão quentes
Levará a vida com um sorriso perfeito

É a única coisa que vale a pena.

É. Ele é foda.

21 dezembro 2007

Escadarias para o Céu

Ontem topei com esta página aqui onde fizeram uma compilação com 101 versões gravadas de Stairway to Heaven, do Led Zeppelin. Tem algumas muito boas, outras razoáveis, muitas ruins e várias engraçadíssimas (não perca a versão tirolesa). Num arroubo de insanidade baixei uma a uma, gravei um CD e fiquei ouvindo no carro.

Tirando todas as gozações que sofri por essa minha prosaica loucura, a experiência me revelou algo importante. Algo que quero passar a vocês, escritores e artistas em geral. Pode ser bobagem, mas é inegável a contribuição cultural que uma única música pode ter realizado. Sinceramente nem considero essa a melhor música do Zeppelin, mas de longe é a mais icônica (tanto que Robert Plant por muitos anos se recusou a cantá-la argumentando que não lembrava a letra, demonstrando o quanto estava enfastiado com a referência). É a música que imortalizou a banda, que a tornou o bastião que ela é hoje. E será assim por muito tempo ainda.

É isso que nós, pretensos artistas, devemos almejar com nossa criação. Devemos sempre querer não apenas refletir nossos egos em nossas obras. Temos que refletir o ego geral, o ego mundial. Temos que fazer a coisa toda funcionar através de nossas intervenções. Fazer as pessoas não só assimilarem, mas criarem em cima. Devemos ser originais, buscando sempre a perfeição e aquele momento marcante que nos imortalizará por toda a história.

Como eu já disse diversas vezes, escrever não é fácil. Se deseja mesmo trilhar este caminho, não o faça querendo apenas migalhas. Ou vá para as cabeças ou nem comece. Não imite, copie ou chupinhe outros artistas. Por mais que algumas versões da música sejam interessantes, elas nunca chegarão ao pés da original. Simplesmente porque ela FOI original. Ponto.

Ou você acha que uma maluca cantando a música em ritmo tirolês será o que ficará para a história?

18 dezembro 2007

Lição insone

"É assim que as histórias assustadoras funcionam, ecoando algum temor antigo. Recriando um pavor esquecido. Algo que preferimos achar que já superamos. Mas que ainda nos pode fazer chorar de terror. Algo que já tínhamos esperança de ver curado."
Trecho de "Assombro", de Chuck Palahniuk

17 dezembro 2007

"A gente senta e escreve"


É isso que eu normalmente respondo quando me fazem a reincidente pergunta: "E como é que você faz para escrever?". É isso. Simples assim. Não tem mágica, vodu, macumba ou pactos satânicos envolvendo o sangue de doze unicórnios virgens. Senta e escreve. Viu? Fácil.

Então, Alexandre Heredia, escritor, por que você não...

SENTA

e

ESCREVE?

05 dezembro 2007

Noite de Autógrafos: Theatro dos Vampiros

Quem não teve oportunidade de comparecer ao concorridíssimo lançamento de "O Legado de Bathory" e quer ainda este ano ter em mãos um exemplar autografado, terá mais uma chance.

Dia 8/12 (sábado) estarei no Theatro dos Vampiros, uma festa já tradicional que ocorrerá no Fofinho Rock Bar, autografando livros. Além de, claro, muita dicotecagem e bandas a noite inteira. Venham, apareçam pra tomar umas doses e conversar. Garanto que vai ser um barato.

Seguem as coordenadas:

Theatro dos Vampiros
dia 8/12/2007 - das 23 às 6hs

Local: Fofinho Rock Bar
Av. Celso Garcia, 2728
[próximo ao metrô Belém]
http://www.fofinhorockbar.com.br
Preços: R$ 10,00 (c/ flyer) e R$ 13,00 (s/ flyer)

Maiores informações: http://eventogotico.nafoto.net/

Vejo vocês lá!