16 janeiro 2007
O Paradoxo da Atualização
Visitando alguns blogues "umbiguísticos" (ou "blogues-que-falam-sobre-blogues") percebi que uma das maiores falhas de um blogue que se diga blogue (Aaaaaarghh!) é a falta de atualizações. O praxe é que é necessário ao menos uma atualização diária para manter a freqüência de visitação alta. Concordo. Sendo o blogue uma das maiores, digamos assim, "revoluções" da mídia de conteúdo nos últimos anos, e dada a proliferação deles, é preciso muito esforço para atrair a atenção mais do que simplesmente eventual dos leitores.
(Plim-plim. Essa história me lembrou uma HQ jurássica baseada na série Aliens que mostrava que, dada a proliferação dos canais de televisão a mudança de canais era guiada por desvios microscópicos da retina do telespectador. Deste modo a permanência em cada canal durante uma zapeada básica caía dos atuais 10s para míseros milésimos de segundo. O grande paradigma desta realidade era que cada milésimo de segundo contava para manter a atenção de um espectador, resultando em programas sempre exaltados e que falavam diretamente com o espectador. O resultado? Um boom de canais evangélicos. É sério! Pensem nisso. Plim-plim!)
O ideal é que os leitores, após uma visita eventual, coloquem o blogue em seus favoritos. Eu mesmo tenho uma pasta Blogues cheia de RSS Feeds na barra de favoritos do meu Firefox que sempre acesso quando tenho algum tempo livre. O problema é ajustar o conteúdo de seu blogue com os interesses de seu público. Blogues muito polarizados podem até atrair um público fiel, mas dificilmente sairá dessa panelinha. Blogues muito genéricos só atrairão os paraquedistas que lerão o que interessa e pularão fora para nunca mais voltar. Qual o caminho do meio?
Não sei a resposta. Tento manter este blogue atualizado sempre que posso, só falhando nos finais de semana, porque ninguém é de adamantium. O conteúdo é meio genérico, um pouco polarizado para a literatura, mas nada que assuste leitores ou ofenda escritores. Tento me manter antenado, comentar assuntos atuais e/ou polêmicos o suficiente para não aparecer oportunista, essas coisas. Mas, acima de tudo, tento colocar conteúdo de alguma qualidade, para que a visita não seja considerada um furo n'água nesse oceano de bits e pacotes IP. A resposta ainda está longe do que eu gostaria, mas ainda estou começando.
Bem diferente é o blogue do Psicopata Enrustido, que já entra no terceiro ano de existência. Quando comecei aquele blogue nem me preocupei muito com o público-alvo. Simplesmente precisava de um canal de escape para algumas frustrações, e como sempre o ato de escrever me ajudava. Como não queria me queimar em minha embrionária carreira literária com um blogue escatológico e boca suja criei um personagem que "traduziria" minhas idéias, mas que ainda assim seria ficção. Deu certo. Mais certo do que eu poderia imaginar. Hoje o blogue tem um índice de visitação que, se não é alto que nem alguns outros, é bem acima do que se poderia considerar condizente com o ritmo de atualizações que ele tem (em média um pôste por mês).
O lance é: já recebi diversos pedidos para que eu aumentasse o ritmo de atualização do Psicopata Enrustido, que isso aumentaria logaritimicamente (!) os acessos, que eu seria um sucesso, lançaria diversos livros, comeria várias mulheres (Ah, Eva Green...), essas coisas. Já pensei bastante a este respeito. Sério! Pensei mesmo em fazer ao menos uma atualização diária. Que mal isso teria?
Mas daí pensei a respeito do que o blogue havia se tornado, e no que os leitores realmente esperavam daquele alter-ego que havia tomado vida própria. Analisei que para o Zebedeu não importa realmente o número de acessos ou de comentários. O que interessa, por incrível que pareça, é a qualidade do que é escrito ali. Por mais pretensioso que isso possa parecer. Tenho plena consciência de minhas limitações e sei que não conseguiria escrever um texto memorável por dia. Desgastaria o personagem rapidamente com uma seqüência de pôstes desperdiçados em nome de uma carência de cliques. Não, não é isso que eu quero.
Por isso, em respeito aos meus poucos mas fiéis leitores, o ritmo de atualizações do Psicopata Enrustido vai ficar como está, mesmo sabendo que com isso eu perco a chance de (finalmente!) comer a Eva Green (Pardón, mon cher, c'est la vie...).
Isso, é claro, não quer dizer que eu vou ficar preso a uma mídia. Não sou tão cego a ponto de não reconhecer um potencial sucesso em minhas mãos. Sei que dá pra tirar algo mais desse filão. Mas as coisas vão no ritmo certo, sem pressa, pra não estragar tudo.
Tenham paciência.
(O que o elefante aí em cima tem a ver, você me pergunta? Não sei, mas achei a imagem divertida...)
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