Poisé, poisé, começou a Temporada Anual de Caça aos Amigos Secretos. Sim, sim, a famigerada brincadeira de origem pouco definida (de acordo com um usuário do Yahoo! Answers é um ritual nórdico, mas não há uma fonte citada, então desconfiem sempre de explicações que envolvem a palavra-coringa "ritual"), mas que na verdade é usada por uma simples razão: reunir uma cambada de pessoas que mal se conhece mas que convive diariamente junto numa confraternização onde você só precisa comprar um único presente. É, Amigo Secreto (ou, cariocamente, Oculto) é, lá no fundo, uma festa de pobre. Conviva com isso.
É um mico. Primeiro o sorteio. Sempre que eu abro o famigerado papelzinho temo três coisas: tirar um desafeto (afinal, é trabalho!), tirar um desconhecido (clássico) ou, o pior de tudo, tirar seu chefe.
No caso do desafeto é complicado. Primeiro comprar uma coisa para alguém que você não gosta. Depois, na hora da entrega dos presentes tirar uma foto junto do cara, com um sorriso laranja-fim-de-feira estampado na fuça. Usando o chavão moderninho, ninguém merece!
Já no caso do desconhecido é pior. Como presentear alguém que você nem sabe quem é? Não tem como agradar. É presente genérico mesmo. Gravata ou lenço para homens, perfume do Boticário para mulheres. E não esquece de deixar o vale-troca dentro da embalagem, pois ele será usado com certeza absoluta. Cara de bunda-de-fora-no-meio-da-missa na hora da entrega também vale neste caso.
Agora, nada pior que tirar o chefe. Mesmo se ele for seu camarada e vocês já tenham tomado um chope em outras ocasiões. Não tem jeito, tem que dar presente bom. Tem que estourar o limite imposto. É uma bajulação medonha, mas quase obrigatória. E não é mal vista pelos colegas. Não, não. É quase vista como uma manobra de sobrevivência. O único que não perdoa é o limite do cartão. Esse, meu amigo, sofre. Esquece as nozes e o tender na ceia com a família. Não vai caber no orçamento.
Este ano participo de dois Amigos Secretos. O primeiro, do antigo pessoal da faculdade, já rolou e foi um tanto triste. De uma presença mínima de 20 pessoas no começo da "tradição", caímos para 8 participantes (alguns até mesmo relutantes!) em míseros 7 anos de formados. Temo ser a última vez que fazemos algo assim. Ganhei um presente bom: "Memórias de minhas putas tristes", do Gabriel Garcia Marquez, um livro que faz tempo quero ler mas por alguma razão ainda não li. Meu amigo secreto ganhou um exemplar do "Visões de São Paulo" autografado. Tá, foi um presente meio mesquinho, egocêntrico até, mas foi de coração. O saldo está baixo e a oportunidade era óbvia demais para não ser utilizada.
Semana que vem é a vez do Amigo Secreto aqui da empresa. Não coloquei nenhum presente na lista ainda, não por despeito, não, mas é que para me presentear é complicado. Sempre que me perguntam: "O que você quer ganhar" eu fico com um imenso vácuo cerebral. Não lembro de nada. Ou ao menos nada que caiba no limite estipulado (quem quiser me dar o box da Trilogia X-Men (R$69,00) ou o DVD "Score" do Dream Theater (R$ 81,00) fica a vontade!). Pensei em pedir um vale-livro, pra poder escolher depois com calma, mas se tem uma coisa que no momento eu não estou precisando é aumentar minha pilha de futuras leituras. Tá grande. O Gabriel Garcia até furou para a segunda posição (empurrando o Kurt Vonnegut e seu "Café da Manhã dos Campeões" para terceiro lugar), mas não dá pra viver só de livros. Tenho outras necessidades.
Acho que vou pedir um joypad para PC, pois o meu quebrou e estou no meio de um campeonato online de Winning Eleven 8 com o pessoal aqui do trabalho (e olha que eu nem gosto de futebol!), mas temo estragar minha estratégia, vitoriosa até agora, de surpreender a todos jogando pelo teclado. Mas há outros jogos. E o preço cabe no limite. É o finalista até o momento.
Mas venhamos e convenhamos, é uma tradição bem besta essa, não é?
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