12 abril 2010

Colméia


Nós pousa. Mãe sabe. Mãe sentiu impacto quando nós sentiu. Nós sai. Nós engasga. Ar pesado. Muito oxigênio. Nós cai um. Cai dois. Nós volta. Mãe dá bronca. Nós é dispensável. Nós são nós, não é malha. Malha não desfaz com queda de alguns nós. Mãe manda respirar fundo. Nós obedece. Nós cai três, quatro. Mãe manda ficar. Nós fica. Cai cinco, cai dez, cai cem. Nós continua. Mãe manda. Nós fica. Nós não tem medo. Nós sente mudança antes de mãe avisar que nós vai mudar. Nós respira. Nós adapta. Nós sobrevive.

Nós invade.

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Texto escrito durante a oficina "O conto de ficção científica", ministrado por Nelson de Oliveira, e publicado a pedidos.

03 abril 2010

Uma Ideia Hipotética (Parte Final)


Seu nome era Metafórico. Ele era um cidadão hipotético vindo da classe trabalhadora, estereotipado como todo o resto. Mas quando chegou na idade madura, percebeu que algo estava errado, que havia algo ruim na verdade proferida pelos seguidores do Novo Estereótipo. Começou a juntar pessoas que pensavam como ele e caminhou pelas vilas espalhando sua palavra de revolta. Infelizmente, foi preso pelos Ortodoxos, graças a uma traição de Expiatório, um de seus seguidores mais fervorosos. Após um curto julgamento, foi torturado e morto.

Usurpador, outro dos seguidores, percebeu que poderia transformar a figura de seu antigo líder em um autêntico mártir hipotético. Juntou-se a outros antigos seguidores e começou sua pregação, fugindo para terras onde o poder dos Estereótipos ainda não havia chegado. Lá, Usurpador e os outros escreveram a hipotética história de seu mestre. Assim surgiram os Evangelhos Metafóricos, que seriam a base para a nova Instituição que se seguiria.

Com o passar dos anos Estereotipados e Metafóricos iam se espalharam pelo mundo conhecido. Tiveram contato com outros povos, que imediatamente consideraram novos Heterodoxos, cada um à sua maneira. Guerras se seguiram, com milhares de mortos. Os Estereotipados acabaram expulsos do Vale da Hipótese pelos Beligerantes, antigos proprietários daquelas terras, e sua guerra se estende por séculos.

Alheios a isso, os Metafóricos continuaram a crescer. Eventualmente seus seguidores acabaram por cometer os mesmos crimes que vitimaram seu mártir, mas poucos se importaram com isso. Descendentes do Usurpador original perceberam que haviam grandes falhas nos Evangelhos Metafóricos, e histórias que não deviam ser ditas, pois contradiziam seus interesses mais diretos. Por essa razão re-escreveram os textos, criando o Novo Evangelho Metafórico, revisado e com diversos cortes (o maior dele foi o capítulo escrito por uma discípula ferrenha, Apócrifa, que alegava ter tido um caso tórrido com Metafórico). E, graças a um período onde apenas os líderes metafóricos sabiam ler e escrever chamado Idade Excessivamente Romantizada, a ideia funcionou. Os Metafóricos enriqueceram e devido a isso diversos grupos dissidentes surgiram (primeiro os Reclamantes, que queriam uma parte dos lucros para eles, depois os Fantasmagóricos e finalmente os barulhentos Hipócritas), graças aos cada vez menos claros Evangelhos Metafóricos. Os Estereotipados, por sua vez, mesmo sofrendo uma perseguição ou outra, também prosperaram, especialmente graças a uma forte campanha publicitária.

Essa história não termina. E poucos se recordam dos tempos antes das ideias hipotéticas, estereotipadas ou metafóricas, onde todos eram felizes, mesmo apesar dos problemas, pois ninguém precisava usar mentiras e invenções para responder às pertinentes questões de Metafísica.

02 abril 2010

Uma Ideia Hipotética (Parte 2/3)


– Eu tenho as respostas para as questões de Metafísica! – Berrou o velho Estereótipo, fazendo uma pequena pausa dramática enquanto esfregava as mãos e sorria com o canto da barba. – Descobri que somos criação de uma divindade assombrosa, uma criatura tão sábia e poderosa que não só criou todos nós, mas também todo o mundo, o céu e as estrelas. E, assim que cheguei a esta conclusão, ele pessoalmente surgiu à minha frente e me explicou de onde viemos, para onde vamos e porque estamos aqui. É por isso que voltei, para redigir estas instruções, para que sejam seguidas por todos nós.

– E qual o nome dessa divindade? – perguntou Cético, pouco satisfeito com a explicação.

– Ele não tem um nome, mas como ele se manifestou a um de nós creio que podemos considerá-lo um dos nossos. Desta maneira vamos chamá-lo, a partir de hoje, de Deus Hipotético.

A vila, com exceção de Cético, que ainda não estava completamente satisfeito, exultou e uma grande festa se seguiu. Estereótipo levou meses para finalizar o que chamou de Evangelhos Hipotéticos, e rapidamente aquelas palavras se tornaram verdades absolutas, afinal, haviam sido ditadas pelo Deus Hipotético em pessoa! Os ensinamentos de Estereótipo traziam a chave para a felicidade não só terrena, mas também celestial. E os cidadãos hipotéticos os seguiam à risca.

A vila prosperou nos anos seguintes. Estereótipo, que já não era nenhum moço, adoeceu e caiu de cama. Seu jovem aprendiz, Coadjuvante, cuidou dele o tempo todo. E quando estava às portas da morte, Estereótipo chamou-o ao pé de seu leito.

– Coadjuvante, já é hora de você tomar conta de tudo. A mensagem foi passada, e só tenho mais um ensinamento a transmitir antes de minha morte.

– Sim, o que é mestre?

– Eu nunca falei com porcaria de divindade nenhuma – Pausa para a tosse. – Nada do que está escrito sobre isso nos Evangelhos Hipotéticos é verdade. Eles precisavam de respostas que eu não podia dar, e simplesmente inventei-as. Eles ficaram felizes com minhas mentiras, e pude manipulá-los para alcançar a paz que tanto prezamos. É hora de você continuar com essa história. Abandone o nome que tens, e adote um novo. A partir de hoje, deixas de ser Coadjuvante e torna-se Protagonista. – E em seguida o velho morreu.

O recém nomeado Protagonista ficou ao lado de seu mestre por bastante tempo, meditando a respeito do que acabara de ouvir. Horas depois saiu da casa e convocou nova reunião, onde contou que, no leito de morte do velho Estereótipo ele recebeu a visita do Deus Hipotético em pessoa, que o nomeou como seu sucessor. Portanto, a partir daquele dia ele seria o Novo Estereótipo, o representante terreno do Deus Hipotético.

E como primeira medida, Protagonista revisou os Evangelhos Hipotéticos, adequando-os à nova realidade. Criaram-se assim os Evangelhos Estereotipados, que alguns (liderados principalmente pelo filho de Cético, Crítico) viram como um veículo para que Protagonista tivesse mais poder, mas eram uma minoria, e logo suas vozes foram abafadas. Em poucos anos a Instituição criada pelo Protagonista já englobava não só a vila Hipotética, mas também todo o Vale da Hipótese. E sua palavra era lei, mesmo quando poucos entendiam suas razões. Protagonista enriqueceu e prosperou, mesmo sua terra ficando cada dia mais empobrecida e abandonada. Mas a isso ele retrucava que de que adianta uma fartura nesta terra, se o que realmente interessava era a eternidade ao lado de nosso querido Deus Hipotético?

E a maioria aceitava muito bem esse destino redentor. Com o crescimento desenfreado do número de fiéis, o Novo Estereótipo logo tratou de nomear ajudantes entre os que provavam sua verdadeira fé mais fervorosamente, que ele chamou de Ortodoxos. A eles era dada a missão de converter os infiéis Heterodoxos, que lutavam pelos antigos ideais do Velho Estereótipo, por bem ou por mal. Foi uma época triste, com muitos supostos Heterodoxos sendo torturados e mortos. Cético e seu filho Crítico não escaparam, assim como seus primos diretos, Racional e Coerente.

Até que, certo dia, um rapaz com ideias novas surgiu.

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(Conclui amanhã)

01 abril 2010

Uma Ideia Hipotética (Parte 1/3)


(Já que o assunto é mentiras...)

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Era uma vez uma vila chamada Hipotética. Nesta vila viviam diversos moradores (Hipotéticos), com todos os problemas comuns de todos os dias, mas eles eram felizes. Caçavam, pescavam,
plantavam, cantavam, e viviam. Ocasionalmente envolviam-se em disputas e brigas por pequenos surtos de ganância e mesquinharia, mas estas eram raras e os prejuízos insignificantes.

Até que certo dia um morador começou a fazer algo que não era muito usual: perguntas. Seu nome era Estereótipo, e graças a sua grande capacidade inquisitória em pouco tempo ele tornou-se conhecido como a pessoa a quem deveriam recorrer em caso de dúvidas, pois, além de perguntas, ele buscava incansavelmente por respostas.

Eis que, certo dia Estereótipo foi visitado por três aldeões com perguntas esquisitas. Por que existimos, de onde viemos, para onde vamos, é bonito lá? Estereótipo, que até então nunca havia se preocupado com essas questões, voltou-se para a mulher que aparentemente os liderava: – Minha cara senhora, qual seria seu nome?

Metafísica, respondeu. E ao seu lado estavam Mero, o Figurante e Vaca, de Presépio. “Mas eles não são de falar muito”.

Estereótipo esfregou a icônica barba grisalha, avaliando se teria condições para responder àquelas perguntas de Metafísica. Pensou mais um pouco e então, esmurrando a mesa, exclamou que não sabia. Pombas!

Os aldeões saíram correndo, envergonhando o velho Estereótipo, que naquele momento decidiu que não daria as costas às perguntas de Metafísica. Imediatamente colocou-se a pensar, estudar e resmungar. Dias depois, sem encontrar as respostas que buscava por conta própria, decidiu retirar-se até um monte próximo, onde meditaria em jejum até encontrar explicações. Sentou-se embaixo de uma árvore frondosa por dias, semanas, trazendo preocupação aos aldeões hipotéticos, pois o sábio Estereótipo definhava a olhos vistos.

Mas ele não morreu. Num dia especialmente chuvoso retornou à vila e chamou todos os habitantes para uma reunião em sua casa. Lá, refeito após um farto banquete, bradou aos ventos:

– Eu tenho as respostas para as questões de Metafísica!

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(Continua amanhã)

24 março 2010

Não Nana Nenê


Papai tchau-tchau. Mamãe não aqui. Nenê gosta mamãe. Mamãe beija nenê. Quente-quente aqui. Nenê tosse-tosse. Nenê quer suco-suco. Tetê. Mamãe dá tetê Nenê. Nenê gosta tetê. Nenê quer colo. Nenê aqui e papai tchau-tchau. Quer Mamãe Nenê. Mamãe dá Dedé abraço Nenê. Sai Dedé. Quente-quente. Nenê quer tetê. Nenê chora. Nenê aqui carro corre-corre. Carro corre não-não. Quente-quente. Nenê quer casa. Quer vesseiro. Chora mais Nenê. Pepeta cai boca Nenê. Nenê chora mais. Nenê quer pepeta. Pega pepeta Nenê, Dedé. Dedé pega pepeta não. Dedé bobo. Nenê quer água. Nenê caca nariz. Mamãe limpa Nenê. Nenê gosta mamãe. Mamãe não aqui. Nenê chora. Nenê cansa. Tosse-tosse. Moça fora carro corre-corre. Moça vê Nenê. Moça fala. Nenê chora. Moça bate-bate janela. Moço bate-bate porta. Nenê cansado. Quer naninha. Quer vesseiro. Quer Dedé. Nenê quente-quente. Nenê tetê não. Moço grita. Moça grita. Grita não moça. Nenê soninho. Grita não moço. Nenê quer naninha. Tum, tum janela. Nenê chora. Nenê não chora. Nenê soninho quente-quente. Dedé pepeta tetê soninho. Quente-quente. Nenê quer mamãe. Moça não mamãe. Moço não papai. Soninho... Tum, tum. Acorda Nenê. Nenê chora. Nenê não chora. Janela bum. Nenê pula. Moça pega Nenê. Nenê soninho. Moça upa-upa Nenê. Nenê não chora. Nenê soninho. Moça upa-upa. Papai grita Nenê. Mamãe não grita Nenê. Nenê quer chorar. Nenê soninho. Papai upa-upa Nenê. Soninho... Moço fuu boca Nenê. Tosse-tosse. Fuuu. Nenê quer mamãe. Nenê quer tetê. Nenê quer Dedé. Nenê pepeta Dedé tetê. Papai chora. Soninho. Fuuuu. Mamãe nenê colinho vesseiro Dedé tetê papai. Soninho Nenê. Nenê dorme.

Nenê não chora.

22 março 2010

Pelo fim do amadorismo literário


Hoje acordei e me deparei com um imenso bafafá no Twitter, no Orkut e no meio do fandom em geral. Não vou entrar em detalhes, mas certo autor recebeu uma crítica extremamente negativa a seu romance recém lançado, retrucou o crítico, angariou apoio na base de fãs, conseguiu detratores por conta de sua postura frente à crítica e etc. Mudam as moscas mas a merda é a mesma de sempre. Se você participa do meio, sabe de quem estou falando e não há a necessidade de apontar nomes, culpados ou vítimas (até mesmo porque não gostaria de me envolver diretamente nesta briga). Se você não faz ideia do que estou falando, o exemplo também cabe.

Ponderando a respeito deste assunto, acabei tropeçando num excelente artigo postado por Larry Brooks em seu StoryFix (se você não conhece este site e sabe ler em inglês, recomendo muito a visita). Nele Brooks faz uma analogia esportiva a respeito de um problema sério, que cada vez mais vejo abater sobre essa nova geração de autores que tentam, de todas as maneiras, fazer sucesso no meio literário.

Chama-se MATURIDADE.

Não maturidade no sentido biológico, mas a maturidade profissional. Como sempre digo, escrever é muito mais do que alinhar palavras. Todo autor, assim que termina seu original, é fã incondicional de seu trabalho. Acha que aquele pedaço de texto irá revolucionar a literatura brasileira, quiçá a mundial. Será reverenciado, traduzido, virará filme, deixará o autor milionário. E é este o maior problema.

Autores devem ter em mente uma coisa: por mais que você se esforce para escrever bem, sempre existirão detratores à sua obra. Sempre haverá espaço para críticas negativas. Críticas são parte do ofício. Você cria, alguém critica. É inevitável. Quem não quer crítica não deve colocar seu texto para escrutínio público. O que diferencia um escritor de uma pessoa que escreve é a maneira que recebe essas críticas. O cara que escreve fica ofendido, defende sua obra com unhas, dentes e impropérios. Já o escritor de verdade tira vantagem até mesmo das mais negativas críticas e nunca (enfatizo: NUNCA) retruca como se tal crítica fosse um ataque pessoal. Mesmo que seja, bem entendido.

Preste atenção: será que sua obra estava madura o suficiente para ser publicada? Tem certeza? Ela passou pelo crivo de leitores críticos sérios, foi revisada diversas vezes, teve todas as referências comprovadas? Há erros de lógica, de ritmo, de coerência? Há erros históricos grosseiros? Personagens rasos, inconsistentes, desnecessários? Pense bem. Seja honesto.

Escrever um livro não é fácil. Não basta apenas querer contar uma história. É preciso muito trabalho antes mesmo de sentar a bunda na cadeira e começar a digitar. Mas muito mesmo! Horas e horas a fio numa pesquisa interminável. Dias criando cenários, personagens, delineando a trama, escrevendo, reescrevendo, apagando, aumentando, corrigindo. É uma imensa labuta, que quase nunca termina sem defeitos. E é função dos críticos apontarem esses problemas. E papel dos autores ouví-los.

Diversas obras são lançadas diretamente para o oblívio literário, e o único culpado por isso é o autor. Seja humilde, perceba que você não é o centro do universo e que seu livro pode sim ter defeitos graves (e quase certamente os terá). Aceite as críticas que recebe e volte ao texto com outros olhos. OUÇA, pelo machado de Assis! Aceite que você não é perfeito. É o mínimo que se espera de um escritor que deseja ser tratado como tal.

Chega de amadorismo, gente. Os leitores agradecem.

E os críticos também.

17 março 2010

Nota de Falecimento


Morreu esta madrugada, em pleno exercício de inflamada hipérbole, aquele gigantesco perdulário. Aquele que desperdiçava nossas sagradas horas com seus intermináveis e desnecessários adjetivos. Que frequentemente maculava nossa fluidez com notadamente inócuos advérbios. Foi encontrado em decúbito dorsal, como convinha para a foto, o cadáver em rigor mortis repleto de irrelevantes termos técnicos. Morreu como queria, afogado no próprio vômito e debruçado numa rima sem teto. Deixa três gavetas e um romance, que sem sua obstinada persistência sequer existiriam senão numa metáfora óbvia. A polícia ainda não tem pistas de quem possa ter perpetrado essa grata contravenção, mas todos sabemos o porque. Por uma morte noir e estilosa, como em um conto policial formulaico. Uma morte sobrenatural, inexplicável. Um mistério a ser desvendado. Ao invés de o nome do carrasco, escreveu um enigma de próprio pulso. Um estereotipado detetive cuidará do caso. “Nós não podemos nos esquecer de tudo que ele nos trouxe. Devemos-lhe o devido respeito”, disse o detetive, cheio de pronomes e intervenções. Foi uma morte arquetípica, privada de sinônimos. Morreu e não deixará saudades.

Eu sou Ferdinando Galvão, o assassino do Chavão.

--
N. do A.: Este texto foi o resultado de um exercício proposto na aula de Marcelino Freire durante a minha Pós Graduação de Criação Literária. O exercício me deu três elementos: o nome do personagem (Ferdinando Galvão), sua profissão (locutor) e o início do texto ("Morreu nesta madrugada..."). O resultado foi esse aí. Desculpem se o título assustou alguém.

12 fevereiro 2010

(Banho de) Chuva de Verão


Escurece.
(Aí vem ela)
Faísca
e ronca.
Pinga.
Pinga.
Pinga, pinga, pinga.
E brilha
E geme
E treme
E cai.
Bate, molha, respinga.
(Onde você vai?)
E aumenta. E sopra. E uiva. E assovia.
E brilha!
E quebra!
(Esse caiu perto)
E encharca. E alaga. E retumba.
E derruba. E balança. E sacode.
E assusta.
E carrega.
E lava.
Enxágua.
Diminui.
Escorre.
Esvai.
E acaba.
(Tem uma toalha?)

02 fevereiro 2010

Tarantino e a mediocridade narrativa

Finalmente assisti a tão alardeada "obra prima" de Quentin Tarantino, Inglourious Basterds (ou, como foi traduzido por aqui, Bastardos Inglórios).

E qual foi o meu veredito?

Decepção completa.

O filme é uma porcaria. Não em termos técnicos. A direção de arte é primorosa. A edição espetacular. A fotografia belíssima. Mas tudo isso em cima de um roteiro rasteiro, pedante, auto indulgente, com personagens rasos como uma pizza e um "arco dramático" pra lá de imbecil. Fora as atrocidades históricas que deveriam levar qualquer pessoa que estudou o MÍNIMO da Segunda Guerra Mundial no colégio a arrancar os cabelos em desespero. Não, não estou exagerando.

O que levou Tarantino a produzir uma bomba como essa? Nunca o considerei um grande expoente cinematográfico, mas seus filmes anteriores tinham seus méritos. Cães de Aluguel (Reservoir Dogs, 1992) era interessante. Pulp Fiction (1994) trazia finalmente para o cinema pop a narrativa não linear (e um pouco da irreverência de Cães de Aluguel). Até mesmo a "bilogia" Kill Bill (2003) acertava no quesito divertimento, justificando seus exageros pelo tom farsesco da trama. Nada genial, nada revolucionário, mas no fim das contas funcionava.

Daí veio essa porcaria que é Inglourious Basterds. Nele vemos um Tarantino descontrolado, abusando de longos e maçantes diálogos (que, dizem, é seu ponto forte), cenas absurdas injustificadas e toneladas de referências jogadas sem a menor necessidade. Tarantino acreditou piamente que qualquer bobagem que ele escrevesse seria tratada como um produto de uma mente genial. Pelo burburinho da mídia percebemos que ele tem razão. Mas a mim o senhor não engana, Tarantino.

Sua obra pode ser comparada a um Ovo Fabergé: uma casca linda de se ver, mas vazia de significado, sentido ou qualquer sombra de relevância. É um filme que se sustenta num "estilo" pretensioso e oco. Um exercício de estilo pelo estilo, pura e simplesmente. Uma obra que nada se tira e nada se leva. Completamente descartável. Após tantos anos ouvindo de todos os lados exaltações a sua "genialidade" posso dizer a plenos pulmões: Tarantino, você é uma fraude. Sua máscara finalmente caiu.

Quando terminei de assistir ao filme, em meio a raiva e a frustração por ter desperdiçado duas horas de minha vida nessa porcaria, pensei em todas as críticas positivas que ouvi antes de assistir o filme. Pensei comigo mesmo: "Será que só eu vejo o quão ruim é esse filme?".

Aparentemente sim.

Daí fiz uma analogia que sempre faço. Cada vez mais vejo escritores iniciantes "vestindo a camisa" de um estilo x ou y. "Ah, eu escrevo sobre vampiros". "Ah, eu escrevo ficção científica¨. "Ah, eu escrevo fantasia". E blá, blá, blá, etecétera e tal. Não estou criticando os (poucos) bons escritores de gênero dessa nova geração que estamos vendo despontar. Escritores que optaram escrever em determinado gênero, mas não se limitam a ele. Falo sim dos autores que praticamente xerocam seu livro predileto. Esquecem que toda boa história tem um TEMA.

Não basta me dizer que você escreve "histórias de vampiros". Vampiros não são tema. São alegoria. Nem que você escreve "histórias de FC". Ficção científica é muito mais que naves espaciais, armas laser e alienígenas exóticos. É um estudo que pode ser sociológico, futurólogo e até mesmo psicológico, utilizando cenários futuristas apenas para ilustrar esses temas.

E o que é um tema? De acordo com Milan Kundera em seu "A Arte do Romance" (1986, Companhia de Bolso), um tema é "uma interrogação existencial". É algo que mira para além da superfície, que lida com temas profundos da existência humana. São os sentimentos, as emoções. Eu não escrevo terror. Eu escrevo histórias de amor, de coragem, de sacrifício, lido com o medo, as fobias, a consciência, as frustrações do leitor. Todo o resto são decisões de estilo para que o leitor receba aquele tema de maneira eficiente quando terminar de ler. Que o faça pensar. Toda boa história deve ser epifânica. Tendo vampiros, lobisomens ou caçadores de nazistas nela ou não. Escrever bem vai muito além de acertos ortográficos ou gramaticais (estes são valores essenciais). Escrever é uma arte. E toda arte deve transmitir alguma coisa a seu receptor. Ou então sua história será como o filme de Tarantino: uma casca de ovo belamente decorada, mas recheada apenas de mediocridade.

E fadada ao esquecimento

05 janeiro 2010

Boceta - Ensaio Étimo-Ginecológico

boceta (ê)
s. f.
1. Pequena caixa de fantasia.
2. Cal. Vulva.

boceta de Pandora: origem de todos os males.



Quando somos crianças é simples. Menino é diferente de menina pois menino tem pipi. Fácil assim. Você é menina? Então você não tem pipi. Moleza. Nem cogitávamos nomear o que era aquele não-pipi que elas tinham. E também pouco interessava o tipo da torneira que elas usavam para urinar. Filosofia infantil é tão etérea quanto brigadeiro de festa.

Crescemos e começam as crises de identidade. Já ouvi dezenas de nomes diferentes. Alguns tentando debilmente imitar a sublime simplicidade de sua contra parte (“pipinha”, “xaninha”), alguns fazendo obscuras alusões a animais (“periquita”, “perereca”), outros bizarros e fadados à galhofa que nem merecem citação. Até que finalmente elas encontram uma que todas adotam até o princípio da puberdade.

Xoxota.

De minha parte acho um nome feio para algo tão bonito. Felizmente com o passar do tempo este termo também cai em desuso, sendo usado apenas em legendas malfeitas de filmes pornôs idem (“Oh, baby, lambe minha xoxota...”). Depois começa a fase ginecológica. É vagina mesmo. Parece nome de doença. Talvez resquício de uma sociedade patriarcal, mas analisar isso foge do objetivo deste texto. Vagina é uma denominação genérica. Até minha avó tem vagina. Definitivamente é um nome que não diz nada.

Mas nós, meninos, sabemos como chamá-la antes mesmo de saber o que fazer com ela. O nome sempre surge, murmurado por um tio, engasgado por um colega que ouviu de outro colega que tampouco sabe o que é. Mas sabemos que é ali que devemos nos concentrar. É ali que devemos entrar com nosso ex-pipi (agora já denominado “pau”, “pinto”, “cacete” e, glória das glórias, “caralho”). Mesmo que no começo confundamos o chumacinho de pelos que a recobrem com a propriamente dita.

Quem?

A Boceta.

Acabamos descobrindo-a aos poucos. Um sentido de cada vez. Primeiro é o tato. Dedos trêmulos invadindo uma calcinha. Roçando pelinhos pubentes. Tocando as bordas exteriores. Sentindo o calor. Depois a visão, quando finalmente fugimos dos cantos furtivos e as despimos na intimidade. O olfato é aproveitado apenas segundos antes do paladar. A audição é atiçada quando ouvimos o delicioso chec-chec úmido de nossas carícias. Todos os sentidos em um único ponto.

E quando descobrimos que aquele único ponto tem diversos outros pontos? Lábios externos, lábios internos, clitóris... Cada ponto, cada reintrância deve ser tocado, acariciado, aproveitado. Nada como uma boceta bem tratada para arrancar gemidos de suas profundezas. Penetre-a com carinho na primeira vez. Em todas as primeiras vezes. Depois apenas siga seu ritmo. Ela que manda. Ela que guia. Sinta-a. Ouça-a. Ela sabe o que faz.

E quando ela sabe, você sabe.

E quando você sabe, elas voltam.

30 dezembro 2009

Memórias de um Diálogo Reincidente

– Por que você é cabeludo?

Porque sim, oras.

– “Porque sim” não é resposta.

E qual é o problema?

– Problema nenhum. Só acho estranho um cara com mais de trinta e cabelo comprido.

Mais de trinta? Você está dizendo que cabelo comprido é coisa de moleque?

– E não é?

E que eu, mantendo o cabelo comprido, estou tentando parecer que faço parte de uma faixa etária que já não pertenço mais?

– Ou isso ou...

O quê?

– Ah, você sabe. Esquece.

Bicha?

– Isso.

Não sou. Mas não expulsaria o Mick Jagger de minha cama.

– Hã?

Referência. Hair. Sabe? A peça, o filme. Achei adequado. Esquece.

– Não assisti.

Imaginei.

– Então por quê?

Eu não queria falar nisso, mas... Minha religião não permite.

– E qual é a sua religião?

Sou ateu.

– Besta.

Tenho o cabelo comprido porque gosto. Só isso. Gosto mais de me olhar no espelho cabeludo do que de outro jeito. Pelo mesmo motivo que você.

– Vaidade?

Também. Mas não só isso.

– Dá pra perceber.

Como é?

– Teu cabelo não é... Como posso dizer? Dos mais bem cuidados, né?

Cuido o suficiente.

– Há controvérsias.

Tá, cuido pouco. Cuido mais que a maioria. Uso shampoo específico, passo cremes, máscaras...

– Vai no cabeleireiro?

Vou. De vez em quando. Pra cortar as pontas.

– Já pensou em fazer escova progressiva?

Aí já é exagero. No máximo uma hidratação. Mas eu tenho mania de prender o cabelo molhado.

– Tá explicado o frizz...

Né? É um saco. Quando vou escolher um shampoo levo no mínimo meia hora. Tem que ser uma marca boa. Tem que ser do tipo específico do meu cabelo. Tenho que ler as instruções, e sempre que leio as instruções eles me induzem a comprar toda a “linha de tratamento”. E eu vou lá e compro a porcaria da linha de tratamento inteira. Shampoo, condicionador, creme para pentear, creme pra passar de duas a três vezes na semana, creme pra passar uma vez por semana. Silicone pras pontas. Pente de madeira. Elástico sem junção de latão pra não quebrar os fios. E mesmo assim fica essa nuvem ressecada sobre minha cabeça.

– É o preço da vaidade. Tudo bem. Entendi. Agora...

O quê?

– E essa barba?

Não quero falar sobre isso.

– Mas...

Deixa minha barba em paz!

12 novembro 2009

[Exercício Borgeano] A Baleia - Herman Melville

Caso fosse perguntado em seu leito de morte qual de suas obras tinha mais orgulho de ter criado, Herman Melville provavelmente não teria citado aquela que o levou à posteridade. Escritor propenso à aventuras (não só literárias), experimentou o sucesso com seus primeiros livros, Typee (1846) e Omoo (1847), inspirados em suas reais aventuras no mar, quando finalmente decidiu arriscar-se, suplantar a barreira do “autor de massas” e tornar-se um artista respeitado. Para essa empreitada ele inspirou-se em um trágico evento real: em 1820 o baleeiro Essex foi afundado por uma baleia no meio do oceano pacífico, vitimando dezesseis dos dezenove tripulantes da embarcação. Melville fez uma intensa pesquisa investigativa sobre o caso, chegando a entrevistar os sobreviventes pessoalmente. Assim surgia, em 1848, A Baleia, longa e minuciosa reportagem a respeito não apenas do incidente, mas dos torturantes dias que os marinheiros lutaram contra a natureza e a loucura enquanto navegavam a deriva pelo oceano, longe de quaisquer rotas ou esperanças de resgate.

Infelizmente dois fatores contribuíram muito para o fracasso editorial de A Baleia. Primeiro o tom folhetinesco com o qual Melville tratou a tragédia. Um dos sobreviventes, Thomas Nickerson, chegou a ameaçar processar o autor, mas o processo não avançou pois na mesma época Nickerson teve sua vida devastada com o descobrimento que ele e os outros dois remanescentes do afundamento do Essex recorreram ao canibalismo durante seus aflitivos dias à deriva. Pior: chegaram a realizar sorteios para decidir quem seria executado e servido aos restantes. O escândalo preocupou os editores de Melville, que recolheram a obra das livrarias poucos dias após seu lançamento.

Capa da única edição remanescente de "A Baleia",
atualmente exposta no Museu Herman Melville em ArrowHead

Desesperado, Melville percebeu que, de modo a conseguir aproveitar aquela história e, ao mesmo tempo, ser reconhecido como artista de respeito, deveria adaptá-la. Desconstruí-la como fato e reconstruí-la como alegoria. Precisava se afastar dos detalhes mais grotescos e aprofundar-se na alma dos personagens. Assim nasceram tanto Moby Dick, a baleia, quanto Ismael e Ahab. Do original sobrou apenas o fato de uma baleia ter afundado um navio. Até a raça da baleia ele mudou, trocando a cinzenta cachalote pela poética baleia branca. Em 1851 Moby Dick chegou às livrarias.

Mas Melville se precipitou. Lançou sua obra mais ambiciosa apenas três anos após o estouro do escândalo do canibalismo no Essex. Seu livro foi recebido com frieza tanto pelo público quanto pela crítica, o que o fez retornar de vez à literatura de aventura. Diferente de Ahab em seu derradeiro encontro com Moby Dick, Melville não deixou que sua criatura o arrastasse às fossas de uma obsessão.

Mas é em A Baleia que vemos um outro Herman Melville. Vemos lá um autor dando os primeiros passos em direção a uma maturidade artística. Maturidade essa que podemos comprovar, a despeito do fracasso em seu lançamento, em Moby Dick. Mas também vemos lá uma obra que, caso fosse lançada em outras circunstâncias, poderia retirar de Truman Capote o título de criador do estilo “romance não ficcional” com seu A Sangue Frio, lançado mais de cem anos depois.

Ironicamente, em 2001 o autor americano Nathaniel Philbrick lançou o livro No Coração do Mar, que narra a tragédia do Essex nos mínimos detalhes jornalísticos. A obra foi baseada nos diários do próprio Thomas Nickerson, que encontravam-se perdidos até 1980. Por este livro Nathaniel ganhou o National Book Award daquele ano.

Em seu leito de morte provavelmente Herman Melville não citaria nem A Baleia nem Moby Dick, o que é uma pena. Mas tudo bem. Caso A Baleia tivesse sido um sucesso em seu lançamento, provavelmente nunca conheceríamos Moby Dick, uma das obras mais influentes da literatura mundial.


Este texto foi escrito em resposta a um exercício baseado num trecho de Ficções, de Jorge Luís Borges, que disse: “Desvario laborioso e empobrecedor o de compor vastos livros; o de explanar em quinhentas páginas uma ideia cuja exposição oral cabe em poucos minutos. Melhor procedimento é simular que estes livros já existem e apresentar um resumo, um comentário”. Ou seja, o tal "livro perdido" de Melville não existe.

09 novembro 2009

Lançamentos, Palestras, Mesas Redondas e muito trabalho pela frente

Esse final de mês promete.

Pra quem estava reclamando que eu ando sumido (e ando mesmo), o último final de semana de novembro vai ser uma overdose. Abaixo os convites oficiais:

Mesa Redonda e Lançamento da Coleção Imaginários
Quando? Dia 28/11/2009 - Sábado - das 16 às 19hs
Onde? Liv. Cultura - Shop. Market Place


















Palestra e lançamento da antologia Folhas de Espantos
Quando? Dia 29/11/2009 - Domingo - a partir das 16hs
Onde? The Wall Café
















Divulguem, espalhem, compareçam, prestigiem. Quero ver todo mundo lá, hein?

17 outubro 2009

Coleção Imaginários e Folhas de Espantos

Sei que ando sumido daqui e não vou me desfiar em desculpas. É o de sempre: muito trabalho e pouco tempo. Para mim um dia perfeito teria 40 horas. Mas divago. Volto aqui para anunciar, com grande prazer, o lançamento de mais 3 coletâneas de literatura fantástica, sendo que duas delas contarão com a participação deste escritor cabeludo ausente aqui.

Primeiro, meu amigo Tibor Moricz mostrou em seu blog as capas das primeiras edições da coleção Imaginários, pela Editora Draco. O primeiro volume conta com a participação de Gerson Lodi-Ribeiro, Giulia Moon, Jorge Luiz Calife, Ana Lúcia Merege, Carlos Orsi, Flávio Medeiros, Roberto de Sousa Causo, Osíris Reis, Martha Argel, Davi M. Gonzales e Richard Diegues. A capa é essa aí abaixo:



Já o volume dois conta com João Barreiros, Saint-Clair Stockler, Jorge Candeias, Eric Novello, Sacha Ramos, Luís Filipe Silva, Tibor Moricz, André Carneiro e eu, Alexandre Heredia, com um improvável conto de ficção científica. Assim que tiver notícias relacionadas ao lançamento coloco aqui. Fique ligado. Abaixo a capa para seu deleite:



Já a editora Folha da Baixada me convidou para participar da antologia Folha de Espantos, focada em contos de terror. Nela, além de mais um conto inédito escrevo também o seu prefácio. Este livro contará, além da minha, com as participações de Albert B. Lemos e Mariana do Nascimento, Alexandre Atayde, Ana Carolina Giorgion (que também é a organizadora), Andréa F. Bertoldo, Celso Pereira, Eduardo Rodrigues, Fábio Oneas, Fábio Pietro, Fernanda Ferreira, Francis F. Pires, Georgette Silen, Geralda Aparecida, Igor Martins, Rafael Gomes, Walter Moreno e Willian Aparecido. Maiores informações sobre o lançamento em breve. Abaixo a capa:



Além disso, ainda há muitas novidades aparecendo bem em breve. Como podem ver, o sumiço é justificável. Fiquem ligados e garanto que não se arrependerão.

25 setembro 2009

Sumiços, Lançamentos e... Zumbis!

Eis que depois de meses de abstinência dou as caras de novo por aqui. É só chutar o lixo e soprar a poeira que fica tudo beleza. Se lavar deixa novo, dar um tapa deixa semi-novo. Ou quase.

As razões para o sumiço são muitas e nem vale a pena listar todas. Queria eu ter tempo para escrever um texto sobre a falta de tempo, mas divago. Estou vivo, estou bem e em breve estarei de volta.

Só apareci aqui para avisar que esse ano ainda saem duas antologias das quais vou participar enquanto o romance novo não fica pronto. Uma delas será uma coletânea de contos de terror de novos autores, que participo com um conto e com o prefácio (que eu preciso ainda escrever). A outra é uma antologia de - pausa dramática - ficção científica! Sim, meninos e meninas, seu segundo escritor cabeludo predileto (o Alan Moore ainda é hors concours) irá se aventurar em sendas inéditas até então. Ainda não tenho maiores informações, mas meu amigo Tibor Moricz já começou a divulgação homeopática. Para acompanhar, é só clicar aqui em cima.

Outra coisa: está chegando o ZombieWalk SP 2009! Sim, crianças. Será a terceira vez que vocês terão a oportunidade de me ver vestido de zumbi e gemendo "Miolos" em pleno Dia de Finados. Sim, dia 02/11. Marca na agendinha fuleira desse seu pré-pago cansado. Não sabe o que é a ZombieWalk? Então clica aqui e vem pirar o cabeção com a gente.

Ah, e quem quiser também pode me seguir no Twitter. Caso não lembrem, sou o @AleHeredia. Primeiro e único (por enquanto). Prazer.

Agora deixa eu sair daqui que tenho uma caralhada de coisas pra resolver.

Até mais.

P.S.: Sim, a referência no título foi intencional. Não enche o meu saco.