Um casal de escritores. Uma cama. Nenhuma roupa.
Ele: - E agora?
Ela: - Não sei. Quer transar?
Ele: - Não. Transar é muito prosaico, muito mundano. Estava pensando em algo mais, não sei...
Ela: - Literário?
Ele: - Isso! Quero beber letras fluindo da tua boca. Quero ver suas metáforas, mesóclises, paródias, metonímias, parasíntetos...
Ela: - Se quiser eu posso fazer um soneto.
Ele: - Livre-me de sua métrica! De onde você tirou que poesia caberia numa cama? Esta é a suprema contradição. Não estamos nos masturbando.
Ela: - Não fale por mim. Não crie recordatórios alheios. Recordatórios são pretéritos, uma fotografia em sépia manchada.
Ele: - Bela analogia.
Ela: - Obrigado. Mas mudemos o tempo verbal. Não falemos do que faremos, mas façamos o que falamos.
Ele: - Não. Saímos do prosaico e entramos no intelectualóide. Sem escalas ou mesmo partituras.
Ela: - E daí?
Ele: - E daí que pensar muito me brocha. Boa noite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário