Hoje acordei e me deparei com um imenso bafafá no
Twitter, no
Orkut e no meio do
fandom em geral. Não vou entrar em detalhes, mas certo autor recebeu uma crítica extremamente negativa a seu romance recém lançado, retrucou o crítico, angariou apoio na base de fãs, conseguiu detratores por conta de sua postura frente à crítica e etc. Mudam as moscas mas a merda é a mesma de sempre. Se você participa do meio, sabe de quem estou falando e não há a necessidade de apontar nomes, culpados ou vítimas (até mesmo porque não gostaria de me envolver
diretamente nesta briga). Se você não faz ideia do que estou falando, o exemplo também cabe.
Ponderando a respeito deste assunto, acabei tropeçando num
excelente artigo postado por Larry Brooks em seu
StoryFix (se você não conhece este site e sabe ler em inglês, recomendo muito a visita). Nele Brooks faz uma analogia esportiva a respeito de um problema sério, que cada vez mais vejo abater sobre essa nova geração de autores que tentam, de todas as maneiras, fazer sucesso no meio literário.
Chama-se MATURIDADE.
Não maturidade no sentido biológico, mas a maturidade profissional. Como sempre digo, escrever é muito mais do que alinhar palavras. Todo autor, assim que termina seu original, é fã incondicional de seu trabalho. Acha que aquele pedaço de texto irá revolucionar a literatura brasileira, quiçá a mundial. Será reverenciado, traduzido, virará filme, deixará o autor milionário. E é este o maior problema.
Autores devem ter em mente uma coisa: por mais que você se esforce para escrever bem, sempre existirão detratores à sua obra. Sempre haverá espaço para críticas negativas. Críticas são parte do ofício. Você cria, alguém critica. É inevitável. Quem não quer crítica não deve colocar seu texto para escrutínio público. O que diferencia um escritor de uma pessoa que escreve é a maneira que recebe essas críticas. O cara que escreve fica ofendido, defende sua obra com unhas, dentes e impropérios. Já o escritor de verdade tira vantagem até mesmo das mais negativas críticas e nunca (enfatizo: NUNCA) retruca como se tal crítica fosse um ataque pessoal. Mesmo que seja, bem entendido.
Preste atenção: será que sua obra estava madura o suficiente para ser publicada? Tem certeza? Ela passou pelo crivo de leitores críticos sérios, foi revisada diversas vezes, teve todas as referências comprovadas? Há erros de lógica, de ritmo, de coerência? Há erros históricos grosseiros? Personagens rasos, inconsistentes, desnecessários? Pense bem. Seja honesto.
Escrever um livro não é fácil. Não basta apenas querer contar uma história. É preciso muito trabalho antes mesmo de sentar a bunda na cadeira e começar a digitar. Mas muito mesmo! Horas e horas a fio numa pesquisa interminável. Dias criando cenários, personagens, delineando a trama, escrevendo, reescrevendo, apagando, aumentando, corrigindo. É uma imensa labuta, que quase nunca termina sem defeitos. E é função dos críticos apontarem esses problemas. E papel dos autores ouví-los.
Diversas obras são lançadas diretamente para o oblívio literário, e o único culpado por isso é o autor. Seja humilde, perceba que você não é o centro do universo e que seu livro pode sim ter defeitos graves (e quase certamente os terá). Aceite as críticas que recebe e volte ao texto com outros olhos. OUÇA, pelo machado de Assis! Aceite que você não é perfeito. É o mínimo que se espera de um escritor que deseja ser tratado como tal.
Chega de amadorismo, gente. Os leitores agradecem.
E os críticos também.