tupinambás? Será bater de porta em porta em editoras que normalmente os
ignoram? Será publicar por conta própria, vendendo carro, apartamento e
passando fome? Ou será que é disponibilizar o trabalho de graça na
internet?
O assunto já deu pano pra manga pela blogosfera. A Olivia Maia
(http://www.verbeat.org/blogs/forsit), que já lançou um livro por uma
editora grande (http://www.editorabrasiliense.com.br), deixou sua opinião e
destilou sua frustração em um pôste em seu blogue
(http://www.verbeat.org/blogs/forsit/arquivos/012009.html) e em uma
entrevista para o Digestivo Cultural
(http://www.digestivocultural.com/blog/post.asp?codigo=1542). O Biajoni
(http://www.verbeat.org/blogs/biajoni/), que disponibilizou seu primeiro
livro de graça em PDF e lançou o segundo por uma editora independente
também deu seus pitacos a respeito. O Branco Leone, que é editor d'Os
Viralata (http://www.osviralata.com.br/), também
(http://brancoleone.wordpress.com/2007/08/02/eu-sou-baixinho/). Assim como
o Valter Ferraz
(http://outrasestorias1.blogspot.com/2007/08/uma-discusso-interessante.html).
Enfim, a discussão está aberta.
O ponto é simples: Vale a pena publicar "formalmente" no Brasil?
Há diversas maneiras de analisar isso. Como tenho alguma experiência no
assunto vou deixar minha singela opinião.
Em primeiro lugar faço questão de descartar completamente a produção por
conta própria, nas famigeradas editoras "sob demanda". Se quer saber meus
motivos leia este pôste aqui:
http://gardenalcomfantauva.blogspot.com/2006/11/quer-pagar-quanto.html
Já disponibilizar seu trabalho de graça na internet eu considero uma saída
interessante. Corajosa até. Claro, há o risco de você ver sua chance de um
sucesso financeiro ser jogada pelo ralo em nome de uma atitude "rebelde" e
"transgressora". Mas é uma saída. Aliás foi essa uma das maneira que
encontrei para sair do anonimato literário. Quem acompanha minha carreira
sabe que tudo começou com uma publicação independente e gratuita, o hoje
finado NecroZine (http://necrozine.blogspot.com). Graças à base de leitores
angariada com essa iniciativa tivemos o suporte de uma editora para o
lançamento da Coleção Necrópole (http://www.necropole.com.br), que está a
caminho de seu terceiro volume.
Agora você me pergunta: o que valeu mais a pena, o zine ou o livro? Não há
como dissociar um do outro. O zine foi um sucesso. Seu último número teve
uma tiragem esgotada de 2.000 exemplares. Isso sem contar os downloads dos
PDF's. O livro também foi um sucesso editorial. Vendemos no Brasil inteiro.
Houve algum bafafá na mídia. Nada explosivo, mas o suficiente para valer a
pena todo o trabalho (que não foi pouco, acreditem).
Claro que monetariamente falando este sucesso não foi tão grande. Não deu
pra abandonar o emprego. Aliás, nem pra comprar muita coisa, pra falar a
verdade. No máximo pagar algumas dívidas antigas. Mas nenhum dos autores
passou fome por conta do livro, muito pelo contrário. E fomos lidos.
Bastante.
Então, qual vantagem Maria leva? Se não encheu o bolso de dindin, por que
perder tempo? Não é mais fácil simplesmente jogar na internet? Não gasta,
não ganha e é lido. Tudo resolvido, não é?
Quase. Por mais que me doa assumir isso, o livro "físico" possui uma
vantagem que o "digital" ainda não tem:
Credibilidade.
Os autores "independentes" podem me apedrejar agora. Com todo o direito.
Mas eu explico.
Não tem jeito, pessoal. Livro na estante da livraria tem outro status. O
autor não é mais um bolchevique anarquista escavando romanticamente
trincheiras na periferia do mercado. Ele se torna um Autor (com "A"
maiúsculo mesmo). Ele tem o aval de uma empresa que, no final das contas,
viu em seu trabalho uma chance de lucro. É como um "selo de qualidade" que,
por mais triste que essa constatação seja, os leitore/consumidores
valorizam. O cabra vai ter que botar a mão no bolso pra ler o seu trabalho,
não vai simplesmente baixá-lo, guardar num canto obscuro do agadê e
esquecer. Se ele comprar vai ler. E não vai ler por obrigação de amizade.
Vai ler porque (pasmem!) ele se interessou pelo assunto abordado.
Assim, minha opinião a respeito das editoras tradicionais é a mesma da TV
por assinatura: ruim com elas, muito pior sem elas.
Doa a quem doer.
O que nós autores temos que perceber de uma vez é que não é o caso de
escolher entre uma mídia e outra. A resposta está em somar as vantagens de
ambas em benefício próprio. Pela primeira vez na histórioa os escritores
tem disponível uma janela imensa para expor seus trabalhos, ser notado. Mas
não dá pra ignorar o mercado antigo, do papel e tinta. Isso pode mudar no
futuro (e eu espero que mude!), mas não dá pra viver de romantismo. O bom
idealista é o que sabe que para se ir de A para B é preciso muito trabalho.
Não adianta querer revolucionar do mesmo modo que se tira um bandêide. Como
disse o personagem de Billy Crystal em "Meu Querido Bob": passinhos de
bêbê.
Com paciência a gente chega lá.
P.S.: Os linques desse texto estão entre parênteses pois estou enviando
essa mensagem via emeio. Mas prometo que este empecilho será resolvido
muito em breve.
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