(Já que o assunto é mentiras...)
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Era uma vez uma vila chamada Hipotética. Nesta vila viviam diversos moradores (Hipotéticos), com todos os problemas comuns de todos os dias, mas eles eram felizes. Caçavam, pescavam,
plantavam, cantavam, e viviam. Ocasionalmente envolviam-se em disputas e brigas por pequenos surtos de ganância e mesquinharia, mas estas eram raras e os prejuízos insignificantes.
Até que certo dia um morador começou a fazer algo que não era muito usual: perguntas. Seu nome era Estereótipo, e graças a sua grande capacidade inquisitória em pouco tempo ele tornou-se conhecido como a pessoa a quem deveriam recorrer em caso de dúvidas, pois, além de perguntas, ele buscava incansavelmente por respostas.
Eis que, certo dia Estereótipo foi visitado por três aldeões com perguntas esquisitas. Por que existimos, de onde viemos, para onde vamos, é bonito lá? Estereótipo, que até então nunca havia se preocupado com essas questões, voltou-se para a mulher que aparentemente os liderava: – Minha cara senhora, qual seria seu nome?
Metafísica, respondeu. E ao seu lado estavam Mero, o Figurante e Vaca, de Presépio. “Mas eles não são de falar muito”.
Estereótipo esfregou a icônica barba grisalha, avaliando se teria condições para responder àquelas perguntas de Metafísica. Pensou mais um pouco e então, esmurrando a mesa, exclamou que não sabia. Pombas!
Os aldeões saíram correndo, envergonhando o velho Estereótipo, que naquele momento decidiu que não daria as costas às perguntas de Metafísica. Imediatamente colocou-se a pensar, estudar e resmungar. Dias depois, sem encontrar as respostas que buscava por conta própria, decidiu retirar-se até um monte próximo, onde meditaria em jejum até encontrar explicações. Sentou-se embaixo de uma árvore frondosa por dias, semanas, trazendo preocupação aos aldeões hipotéticos, pois o sábio Estereótipo definhava a olhos vistos.
Mas ele não morreu. Num dia especialmente chuvoso retornou à vila e chamou todos os habitantes para uma reunião em sua casa. Lá, refeito após um farto banquete, bradou aos ventos:
– Eu tenho as respostas para as questões de Metafísica!
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(Continua amanhã)
2 comentários:
Esse texto deveria ser lido por mais pessoa é muito bom.
Gostaria de ler o restante da história. Uma ideia filosófica dessa, não pode ficar escondida!
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