Autor: Antonio Rocco
Páginas: 180
Editora: N.Ex.T
Ano: 2008 (2a. Edição)
"A Um Passo da Tragédia" é uma coletânea de textos teatrais, com uma temática cômica, mas que, como o título indica, estão prestes a escalar para um drama maior. Alguns textos são curtos e diretos, sketches simples. Outros são mais complexos, com mais personagens e jogos de cena que exigirão maiores esforços da trupe que os adaptar.
Antonio Rocco faz um esforço para que seus textos tenham uma reviravolta no final, que tenta dar um sentido diverso ao que acabamos de testemunhar. Em alguns casos é bem sucedido, em outros nem tanto.
Os textos "Por favor, deixe-me tentar novamente", "Ato falho" e "Mera coincidência" compuseram uma trilogia chamada "Os Dez Mandamentos do Jogo dos Sete Erros" (ótimo título) que foram encenadas em 1994 no Teatro Ruth Escobar e em 1995 no Crowne Plaza, ambos em São Paulo.
Por favor, deixe-me tentar novamente
Um sketch rápido, com apenas dois atores (um casal de velhinhos), onde apenas a mulher fala para um marido entretido na leitura de uma revista Playboy. A conversa escala rapidamente para uma DR cheia de mágoa e ressentimento, no limite do desconforto, especialmente dada a ausência de reação do marido. Infelizmente essa premissa interessante é desperdiçada em uma piada tola e fora de contexto no final.
Nota:
Ato falho
Uma mulher volta de uma festa bêbada, e tenta conversar sobre o relacionamento com o marido, que voltou antes por uma crise de ciúmes e aparenta estar dormindo no sofá.
Outro sketch rápido com um casal como protagonista, mas desta vez há um maior experimentalismo, especialmente na parte do absurdo da situação. A "conversa", de novo monopolizada pela esposa, beira o surreal, com variações de humor bem dosados. O final pontua a cena de maneira chocante, mas coerente.
Nota:
Mera coincidência
Uma mulher encontra o ex-marido no meio da noite em uma rua escura e testemunha seu suicídio. Ou isso é o que ela quer convencer a polícia que aconteceu.
O autor descreve essa cena como "Drama em um átimo", e não há melhor maneira de defini-la. Uma cena curta, rápida e que deixará confusos aqueles que não prestarem atenção nos detalhes. Mas isso não tira o brilho e a inteligência, em especial no final, que nos faz rever tudo em retrospecto.
Nota:
Ser mãe
Duas mulheres grávidas, amigas do tempo do colégio, se encontram na fila do banco. Uma delas é pudica e recatada, e outra desbocada e sincera. A conversa escancara as diferenças entre as duas amigas e, com isso, a hipocrisia da sociedade. Um texto ferino e interessante, divertido e ao mesmo tempo perturbador, especialmente no final.
Nota:
O Natal mais feliz da minha vida
Na véspera de Natal o dono de um boteco precisa lidar com sua esposa, um bêbado, clientes, uma briga de trânsito, um assalto e sua amante grávida. O texto tem potencial, é interessante desde o começo, e possui personagens marcantes (o bêbado, Birigui, é ótimo). Utilizando o formato "comédia de erros", as situações se sucedem em uma escalada frenética. Uma pena que, mesmo o texto tendo dois finais, nenhum deles seja satisfatório. O primeiro termina a confusão de maneira abrupta e abusando do pastelão. O segundo arrasta a resolução ineficiente (e, por que não dizer, até mesmo repreensível) sem um foco, diluindo o início promissor em lugares-comuns.
Nota:
Os mais miseráveis
Não li. Além de não ser grande fã de musicais, o texto é inteiro em versos.
Nota:
Muro
Este eu tentei, mas abandonei. Um longo monólogo de 9 páginas, com frases encadeadas sem pontuação, confuso e sem muito nexo. Provavelmente possa ficar interessante se encenado, mas como leitura não deu.
Nota:
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