Com o tempo não se brinca, alguém já deve ter dito por aí. Frequentemente me perguntam (especialmente não-leitores) como arrumo tempo para escrever. Não sei responder. Quando a inspiração vem eu escrevo. Assim, sem olhar para os lados. Escrevo, escrevo, reviso, reescrevo, xingo, escrevo tudo de novo e abandono. Me viro. E com sorte suada vira conto, vira exercício, vira livro. A maioria vira lixo, arquivada num baú virtual para ser garimpada por meus herdeiros. Oxalá (!) consigam angariar alguns trocos com isso.
Mas divago. Tempo não se cria e não se recupera. Tempo não tenho e não preciso. Preciso sim de vergonha na cara. E, tal qual a câmera de um celular pré-pago de promoção, preciso de foco. Só assim conseguirei fazer esse livro que está corroendo meus neurônios sair do papel. Escrever, escrever e escrever. Contos agora só sob encomenda. Ou quando a inspiração for forte demais para ser ignorada. Foco. Imersão. Mergulho de cabeça aberta e olhos fechados.
Adeus sanidade.
Um comentário:
Ando meio assim ultimamente: disciplina. Ou escrevo todo dia, ou a coisa não anda. História na cabeça não funciona. Só existe quando posta em letras. Cansa? Claro.
Mas é trabalho, porra. Tem que ser feito.
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