24 março 2009

Trailer de "Predadores" indicado no BiblioFilmes Festival

Você já leu meu lívro mais recente, "Predadores"? Não? E o trailer, já viu? Também não?! Então não perca mais tempo e veja:



Gostou? Então, além de comprar o livro, que tal me ajudar a divulgar meu trabalho nas terras detrás dos montes? É isso aí. O vídeo acima foi indicado para participar da mostra competitiva do BiblioFilmes Festival em Portugal, na categoria Melhor Trailer de Escritor. A votação é feita por um júri especializado, mas há também a modalidade de júri popular. E é aí que você entra. Clique aqui e veja os indicados. Depois clique aqui e vote no seu preferido (Predadores, claro).

Conto com vocês!

11 março 2009

It's only roquenrou, beibe

Sempre fui um músico frustrado. Assumo. Toda vez que vejo alguém tirando uma música de ouvido ou mesmo simplesmente TOCANDO um instrumento de maneira competente me remoo de inveja. Sempre adorei música. E quem nunca fantasiou em se tornar um autêntico rock star?

Minha empreitada neste mundo já começou com um balde de água fria. Impelido pelo fato de meu pai possuir um violão (que era de meu avô, um Giannini velhão) decidi tentar aprender. Entrei numa aula e, depois de alguns meses, o próprio professor desistiu. "Cara, violão não é tua praia", lembro dele me dizendo.

Oh, a frustração! Eu não seria um autêntico Guitar Hero (não, nada a ver com aquele videogame chato pra cacete) que seduziria multidões com seus acordes distorcidos e sua pose de "foda-se o mundo!". Porcaria, porcaria! Nem ao menos seduzir menininhas em luaus e saraus eu conseguiria.

Decidido a não desistir depois do primeiro tapa na cara entrei numa aula de piano. Eu era beeeem moleque, aula particular, na casa de uma vizinha, uma velhinha japonesa super dócil, bem clichê mesmo. Com ela aprendi a ler partituras e até mesmo a tocar músicas simples em seu velho piano-armário ("Meu limão, meu limoeiro", "Oh, Suzana", "Ode to Joy", essas coisas). Não lembro bem por que parei com as aulas. Talvez por minha incapacidade de evoluir. Ou porque a velha morreu. Eu REALMENTE não lembro.

Quando a adolescência chegou aquele antigo desejo ressurgiu. Decidi me tornar um tecladista de uma banda. Tá, não é tão glamuroso quanto um guitarrista, mas dava pro gasto. E eu já sabia o básico. Decidi entrar numa aula de teclado popular. E eu consegui uma professora que era simplesmente DELICIOSA. Eu tinha 16 ou 17 anos, não me recordo bem, e ela estudava medicina na USP e dava aulas para complementar o orçamento. Era maravilhoso encontrá-la todas as tardes de sábado, nem que fosse para levar broncas por minha incapacidade de ensaiar durante a semana ou mesmo para ser humilhado vendo-a tocar magnificamente com seus dedinhos que deviam ser da metade do tamanho dos meus. Eu ficava fascinado como suas mãos passeavam agilmente pelas teclas, quase se tornando um borrão indistinto, arrancando músicas complexas de seu instrumento.

Talvez o incentivo hormonal me fez me esforçar mais que o habitual e eventualmente eu acabei pegando o jeito da coisa. As músicas começaram a sair, em arranjos cada vez mais complicados e interessantes. A recompensa vinha no sorriso e nos abraços de aprovação de minha querida professorinha. Depois de alguns meses ela me colocou como destaque na audição de final do ano de seus alunos. Eu tocaria três músicas, sendo o ponto culminante uma versão com DOIS teclados de uma das músicas mais clássicas do rock-farofa: The Final Countdown, do Europe.

Cara, como eu ensaiei aquela porra. Eram horas e horas todos os dias (saudades dos tempos que meus dias tinham "horas e horas" livres...). Aperfeiçoei os arranjos, trocava mãos, vozes, ritmos. Tudo para arrebentar na apresentação final. Não só para agradar a deliciosa professora, mas também para provar de uma vez por todas que eu podia fazer aquilo.

E eu fiz.

Mesmo contando com uma intervenção ciumenta do namorado da professorinha, que sabotou o equipamento bem na hora de minha apresentação (não tiro sua razão, mas questiono seus métodos), eu detonei. Fui aplaudido de pé pela pequena platéia. E eu sei que realmente mereci cada um daqueles aplausos, tamanho o esforço ao qual me dediquei nos meses anteriores. Há um registro em VHS feito por meu pai do momento. Assim que eu lembrar de digitalizar a fita prometo que coloco por aqui para provar (Pai, tem jeito?).

Tá, essa historinha longa na verdade está aqui apenas para que vocês compreendam a minha revolta com o vídeo abaixo, que encontrei no blog do Bugz. Eu... não tenho palavras para descrever isso. Sério. Assistam e compreendam:



O que dizer disso?

Bom, após aquela minha apresentação eu toquei ainda um pouco com uma banda de amigos e em seguida a vida veio e colocou a música em décimo quinto plano em minha lista de prioridades. Apenas recentemente ando ensaiando uma volta, tocando com outros amigos em uma jam session semanal onde tiramos essencialmente blues. Está bastante difícil desenferrujar (apesar de eu saber "The Final Countdown" de cor até hoje, para tristeza de todos) mas ao menos sei que nunca tocarei tão terrivelmente quanto esses moleques aqui:



Tristeza, né? Mas respeito quem tem o culhão de subir num palco e destruir uma música desta maneira (mesmo uma música originalmente destruída como essa). Na verdade compreendo. O amor à música as vezes é muito maior que nossa capacidade de tocá-las.

E esse é o espírito do verdadeiro Rock'n'Roll.

10 março 2009

Adeus a um grande amigo

Seria impossível eu tentar colocar em palavras toda a história de mais de uma década de uma grande amizade. Impossível e até injusto, tamanhas as lembranças e momentos marcantes que tivemos juntos desde que nos conhecemos, nos idos de 96. Cada momento, cada recordação está profundamente marcada em minha memória e em meu coração. Não quero priorizar uma em detrimento de outra então me reservo o silêncio consternado pela perda.

Tento esquecer seu último olhar, entristecido em meu colo, a vida se esvaindo rapidamente. Prefiro me lembrar de seu olhar como sempre foi: jovial, alegre, livre de preconceitos e de um amor irrestrito. Prefiro lembrar-me de você saltitando aos meus pés sempre que eu chegava em casa, como se eu tivesse acabado de retornar do Japão, e não de uma simples saída à padaria. De sua cabeça apoiada em meu colo, tentando de todas as maneiras me manter junto o maior tempo possível. De sua alegria quando falávamos uma de suas palavras prediletas (“Ossinho”, “bifinho”, “biscoito”, “brincar”, “passear”, entre outras). De sua simpatia sem limites, que cativava a todos, independente de onde você estivesse. Era, nas palavras de todos, o cachorro mais bonzinho do mundo. E não era exagero.

Você deixou sua marca onde passou. Não havia quem resistisse a seu charme e sua juventude eterna. Ninguém acreditava em sua idade quando eu contava. Você era sempre um filhote pronto para brincar. Sempre um companheiro, não importava o momento. Passou do meu lado grande parte de minha vida e trouxe para mim uma felicidade sem comparação. Você foi especial em todos os sentidos.

E é por isso que vai fazer tanta falta. Você se foi do jeito que eu sei que sempre desejou, aninhado em meu colo até seu último suspiro. De repente, sem dor ou sofrimento, como merecia depois de uma vida tão cheia de percalços. Foi feliz, deixando em nós uma grande tristeza por sua partida, mas ao mesmo tempo uma grande certeza que você trouxe muito mais alegria que eu posso mensurar. Foi em paz.

Missão cumprida, Negrão. Muito obrigado por ter compartilhado sua vida e sua alegria com todos nós. Sua ausência será profundamente sentida, mas sua presença nunca será esquecida.

Isso eu prometo.

Negrão
*1996 - +2009

06 março 2009

Pingos nos I's



Como todos sabem (ou imagino que saibam) sou ateu praticante. O que isso significa? Primeiro, não acredito em nenhum tipo de deus, entidade suprema, vida após a morte, papai noel, gnomos e outras abobrinhas fantasiosas. Na MINHA OPINIÃO tudo o que temos, somos e vivemos acontece e aconteceu POR ACASO.

Isso quer dizer que sou contra a sua fé?

Não.

Não a compreendo, não consigo conceber como pessoas inteligentes acreditem nisso, mas respeito. Sei que para muitos a religião é uma bóia salva-vidas que sustenta muitos problemas e crises que sempre acontecem na vida. Tem gente que precisa, e quanto a isso não tenho nada contra.

Então sobre o que você é contra afinal, Cabelo?

Sou contra duas coisas: as igrejas institucionalizadas (TODAS incluídas, sem exceções) e da intervenção destas em decisões do Estado.

O Brasil é um estado laico (traduzindo: nenhuma igreja pode interferir em qualquer decisão da justiça ou do executivo), diferente de países como o Irã ou a Índia. Esse laicismo é garantido pela constituição. É por este motivo que mesmo com os mimimis do tal bispo o aborto aconteceu. E foi a coisa certa a fazer. Uma menina de 9 anos não tem condições físicas ou mentais de sobreviver à uma gestação, quanto mais de gêmeos. E fruto de um estupro por seu padastro. Até mesmo o presidente declarou que "neste caso a medicina está mais certa que a igreja". Não sou nenhum fã do Lula, mas admiro-o pela coragem de sair e defender esse ponto, de maneira corretíssima para seu cargo. Doa a quem doer, o certo foi feito e ponto final.

Daí vem esse CRETINO desse arcebispo e condena os médicos que fizeram o aborto e a mãe que, num momento extremamente delicado, tomou a decisão mais racional e salvou sua filha, que não poderia pagar com a própria vida pelos crimes de seu marido. E pior, com o aval do Vaticano. É um absurdo tão grotesco que eu fiquei até feliz que tenha acontecido (não o estupro, nem o aborto, mas a excomunhão).

Por que? Simplesmente porque já passou do tempo das pessoas perceberem que não dá mais para dar ouvidos a uma instituição ARCAICA e RETRÓGRADA, com valores e conceitos DETURPADOS e NOCIVOS não só aos indivíduos, mas a sociedade como um todo. Ficou escancarado agora que esses DESGRAÇADOS estão HAGANDO e ANDANDO para seus fiéis. Estão mais preocupados em ficar em seus palácios de marfim e ouro desfribilando um dogma que já deveria ter sido jogado no esquecimento a séculos. E quanto mais pessoas perceberem isso e pararem e analisarem tudo o que está acontecendo, maiores as chances de finalmente vermos essa PORCARIA de instituição ser jogada na lama de onde nunca deveria ter saído.

Sinto pena da pobre menina que sofreu um dos piores crimes que eu, como pai, vejo por aí. Colocar o aborto como um crime maior que o estupro é o mesmo que concordar com a desastrosa máxima do Maluf: "Estupra mas não mata". É abominável, imperdoável e até mesmo obceno.

Espero sinceramente que este incidente seja o estopim para uma sociedade mais racional e baseada em conceitos inteligentes e claros, não em uma porcaria de um livro mal escrito de dois mil anos que já não serve nem mais como literatura de entretenimento, quanto mais como pedra fundamental para qualquer tipo de moralismo hipócrita.



Tradução das Imagens:

Cristianismo - A crença que um Zumbi Judeu cósmico que era seu próprio pai pode te tornar imortal se você comer simbolicamente sua carne e telepaticante dizer a ele que você o aceita como seu mestre, assim ele pode remover o mal de sua alma, que está presente na humanidade graças a uma mulher que surgiu de uma costela que foi convencida por uma cobra falante a comer o fruto de uma árvore mágica... É, faz todo o sentido.


Imagine - um mundo sem religião (valeu, John)